Foi sem “papas na língua” que o CEO do Grupo Renault, Luca de Meo, anunciou que a marca do losango não só não vai desistir do Twingo, como este terá direito a uma nova geração em 2026, que coloca a fasquia está bem lá em cima, em termos de eficiência, e bem lá em baixo, em termos de preço. Duas promessas que podem soar como música para os ouvidos dos clientes interessados em transitar para uma alternativa de mobilidade 100% eléctrica, mas cujo orçamento não permite ir além dos 20.000€.
O gestor italiano, que pôs em marcha a estratégia Renaulution, avançou ontem dados e metas para a divisão eléctrica do negócio, a Ampere, que se posiciona como o primeiro player europeu a integrar numa única estrutura aquilo que se considera ser o futuro da indústria automóvel: veículos eléctricos e desenvolvimento de software. E, talvez para demonstrar que o seu discurso está associado a acção, Luca de Meo mostrou o protótipo que servirá de base à quarta geração do popular Twingo.
O pequeno modelo, que entrou na história da Renault em 1992, teve uma segunda geração em 2007 e a actual foi introduzida em 2014, tendo o Twingo Electric surgido em 2020. Era esta a base do ForFour EQ, embora o Renault supere o (antigo) Smart em autonomia (190 km contra 130 km). Com um motor de 60 kW (82 cv) e 160 Nm de binário, alimentado por uma bateria de 22 kWh fornecida pela LG Chem, o Twingo que ainda se encontra nos concessionários anuncia um consumo médio de 16,3 kWh/100 km. Ora, segundo Luca de Meo, o próximo vai impor-se como uma referência a nível de eficiência, estando o consumo apontado a 10 kWh/100 km. Para se ter uma ideia, o valor mais baixo no segmento está entregue ao Fiat 500e (13 kWh).
Desconhece-se o patamar de autonomia que a Renault tem em mente, mas o certo é que a marca está a contar com a plataforma AmpR Small, uma evolução da conhecida arquitectura CMF-B EV, para maximizar a eficiência energética e, simultaneamente, baixar os custos de produção. É justamente perseguindo este último objectivo que a marca decidiu que o fabrico do Twingo de 2026 não será em França, mas sim na Eslovénia, em Novo Mesto.
Em termos de estilo e filosofia, mantêm-se os valores intrínsecos ao ADN do Twingo, que pretende continuar a cativar clientes pelo seu visual jovem, aliado a um carácter prático e funcional. E tudo isto ficará num pack muito mais atractivo se lhe juntarmos um consumo “mínimo” e um preço realmente acessível.
Recorde-se que o actual Twingo é comercializado entre nós, neste momento, por valores a partir de 27.020€. O novo R5, previsto para 2024, terá à partida um preço de acesso à gama abaixo dos 25.000€, pelo que é de saudar se, efectivamente, o futuro Twingo vier a “arrancar” abaixo dos 20.000€. Caso o prometido seja cumprido, o próprio Dacia Spring terá inevitavelmente que renovar os seus argumentos, pois agora exige em troca 20.400€ na versão mais básica…