Não demorou muito tempo para se perceber que era um dérbi. O central do Benfica, Yoav Lumbroso, fez uma falta dura sobre o lateral do Sporting, Edmilson, e logo Salvador Salvador se exaltou a defender o colega. Alexis Borges saiu ao encalço do capitão leonino e deu-lhe um toque no peito que o fez cair com estrondo no piso do pavilhão onde a bola peganhenta e com resina, que os jogadores de andebol tanto prezam ainda pouco tinha circulado. Era um começo quente de um jogo que prometia ser fervoroso.
Esta é uma das grandes vantagens da mudança de formato do campeonato de andebol: o aumento da frequência dos jogos entre rivais equivale a mais espetáculo. Caso o título não se decidisse em duas fases, o Sporting já tinha dado um passo gigante rumo à liderança ao fechar a primeira volta com vitórias sobre o Benfica, logo na estreia, e diante do FC Porto, na ronda que antecedeu o dérbi na Luz.
Uma viagem de Costa a Costa: Sporting bate Benfica e entra a vencer no campeonato
Os leões têm dominado o campeonato, somando 11 vitórias noutros tantos jogos. O momento de forma tornava pouco ousada a previsão de que a equipa de Ricardo Costa é, a meio da primeira fase, favorita a levantar a vencer o campeonato. Acontece que o Benfica tem tido mais percalços. Dois empates (contra Póvoa e ABC) e duas derrotas (diante de Sporting e FC Porto) faziam com que os encarnados precisassem do ânimo que uma vitória num dérbi sempre trás.
“Vamos defrontar uma equipa muito completa, com um potencial tremendo no ataque. Têm um jogo muito agressivo que temos de tentar controlar”, lembrou o treinador do Benfica, Jota González, na antevisão ao jogo com o Sporting que vinha na sequência de uma derrota no último segundo contra os alemães do Rhein-Neckar Lowen na Liga Europeia. “Perdemos o jogo europeu, onde faltou sorte, mas estamos a jogar melhor no campeonato. Estamos a jogar bem e a dar uma boa imagem”, continuou o técnico espanhol, mostrando o desejo de, contra o Sporting, obter um resultado diferente do da primeira volta (32-26).
O treinador do Sporting, Ricardo Costa, referiu que em relação ao último confronto. “Tenho a certeza absoluta que o Benéfica é uma equipa que investiu muito para estar na discussão dos títulos, que tudo fará para estar dentro do título e sabe que este jogo é importante para as duas equipas, diria que muito importante pelo atraso que o Benfica tem, mas focamo-nos no Benfica e não estamos a pensar num jogo à imagem daquele que tivemos em nossa casa na primeira volta”.
O guarda-redes do Benfica, Mike Jensen travou os três primeiros ataques do Sporting, o que podia ter permitido aos encarnados arrancarem para um parcial logo de início. Em vez disso, foram os leões que se colocaram na frente. O momento das substituições defesa/ataque eram bastante profícuos para Ricardo Costa e a sua equipa técnica darem indicações ao jogadores. Embora o resultado tenha sido renhido, o conjunto verde e branco não parecia satisfeito com a forma como os adversários estavam a finalizar os ataques. Do ponto de vista ofensivo, o talento da primeira linha do Sporting, nomeadamente o de Francisco Costa, Martim Costa e Natán Suárez, resolviam com naturalidade.
O Benfica estava mais faltoso e sofria com as idas de Francisco Costa para a linha de sete metros (graças a isso, tinha já seis golos no final dos primeiros 30 minutos, dos 11 que fizeram do lateral o melhor marcador do jogo), sendo que, depois, chegava ao ataque e tinha que trabalhar muito para marcar, em especial quando existia uma defesa individual ao central. Como resposta, Jota González recorreu ao sete contra seis – que Ricardo Costa também usou – comandado por Belone Moreira. A fechar a primeira parte, foi André Kristensen, guarda-redes verde e branco, que permitiu que o Sporting fosse a vencer para o intervalo pela diferença de dois golos (16-18) que teve durante a maior parte do tempo.
O Sporting teve uma grande ocasião para cavar um fosso no marcador no reatar do encontro. Miguel Sánchez-Migallón foi excluído durante dois minutos e Yoav Lumbroso viu cartão vermelho por interferir na ação de voo do ponta do Sporting, Gassama, aposta de Ricardo Costa para a segunda parte. De repente, o Benfica estava a jogar com dois elementos a menos e Salvador Salavador, a partir do banco, ao pressentir que era um momento crucial, pedia o apoio dos adeptos. Ainda assim, a equipa verde e branca falhou um ataque só com quatro defensores encarnados e até foram as águias a marcar.
A 15 minutos do final, Martim Costa deixou o Sporting com raros três golos de vantagem. Também o Benfica teve dificuldades em capitalizar as exclusões consecutivas de Gassama e João Gomes. A dez minutos do fim, incapazes de anularem a desvantagem, as frustração era era evidente nos jogadores de Jota González que se dirigiram ao desconto de tempo cabisbaixos. A partir daí, foi o descalabro e o show do segundo guarda-redes do Sporting, Leo Maciel. A vitória por 29-36 faz com que os leões mantenham o pleno de vitórias num campeonato que lideram com 36 pontos.