Kiko Costa foi eleito jogador do ano em Portugal dias antes do Sporting se estrear no campeonato nacional. Os 18 anos permitem que, pela maioridade, já possa ser promovido a Francisco. Acontece que o jogo que realizou contra o Benfica, na jornada inaugural, faz com que possa ser tratado por senhor. Pois bem, já que partilham o apelido, que partilhem também a forma de tratamento: Francisco e Martim Costa são dois senhores do andebol nacional com os quais o Benfica tanto sofreu no Pavilhão João Rocha.

Começou por ser um jogo em espelho, isto é, a forma como uma equipa procurava jogar estava em consonância com o que o adversário também queria fazer. Inicialmente, quer Sporting, quer Benfica limitaram-se à inspiração dos seus jogadores de primeira linha, em especial Francisco Costa e Martim Costa, do lado leonino, e Petar Djordjic e Belone Moreira, do lado encarnado. Acabaram por ser as águias a superiorizarem-se nos primeiro minutos.

O Sporting manteve-se fiel à ideia de atacar em sete contra seis, que, apesar de tudo, foi um risco sem benefícios numa fase mais prematura. A persistência começou a dar resultados e Martim Costa adiantou os leões que, de repente, se viram com uma vantagem de dois golos. O treinador do Benfica, o espanhol Jota González, pediu desconto de tempo (7-5) para tentar fechar a torneira ao que estava a ser uma avalanche ofensiva dos leões.

A jogar no Pavilhão João Rocha, o Sporting foi em busca de manter o momento positivo. O Benfica não saiu melhor do desconto de tempo, mas trouxe soluções diferentes. Nesse sentido, só aos 15 minutos surgiu o primeiro golo de pivô em todo o jogo por responsabilidade de Alexis Borges. Só que também os jogadores treinados por Ricardo Costa não tinham esgotado as soluções. A equipa verde e branca foi então à procura da ponta esquerda, onde Orri Thorkelsson também foi capaz de contribuir (10-6).

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Na baliza do Benfica, o dinamarquês Mike Jensen estava a ser incapaz de conter os remates dos adversários. Jota González lançou então Gustavo Capdeville e o internacional português correspondeu na plenitude, obrigando o treinador do Sporting, Ricardo Costa, a parar o jogo devido à aproximação (12-10). Os dois emblemas foram então separadas por três golos (15-12) para o intervalo.

A reação dos encarnados era obrigatória. O reinício deixou vincada essa intenção. Com um bom parcial, o clube da Luz deixou o golo encostado a um (16-15). A troca de guarda-redes também não correu mal ao Sporting. André Kristensen rendeu Leonel Maciel e ajudou a equipa a conseguir um novo fosso no marcador.

Seguiu-se uma situação caricata. Paulo Moreno livrou-se da bola displicentemente pela linha lateral. O Sporting repôs a bola e Salvador Salvador marcou um golo de baliza deserta. Os encarnados ainda pediram a André Kristensen para permitir um golo, o que acabou por não acontecer.

Assim, a vantagem manteve-se bastante favorável aos leões. O Benfica tentou subir a defesa com uma marcação individualizada de Stiven Valencia a Francisco Costa. O ambiente aqueceu com contactos mais ríspidos entre os jogadores. Ole Rahmel viu mesmo vermelho do lado da equipa da Luz. O Sporting acabaria por vencer por 32-26 e somar a primeira vitória no campeonato. Martim Costa, com 15 golos, foi o melhor jogo do encontro. O irmão, Francisco Costa, marcou 8.

O Sporting chegava à ronda inaugural do campeonato depois de ter disputado a Supertaça Ibériica, competição onde ficou no terceiro lugar após derrota com o Barcelona (37-32) e como uma vitória diante do BM Logroño La Rioja (39-29). O Benfica, pelo contrário, competiu pela primeira vez oficialmente ainda que da pré-época tenha trazido más notícias uma vez que Gabriel Cavalcanti e o sueco Christopher Hedberg e Gabriel Cavalcanti contrairam lesões graves e com um tempo de recuperação prolongado.

Se um jogo como estes foi bom então deve ser uma boa notícia saber que este ano o campeonato nacional de andebol mudou de formato, o que significa que, apesar do número reduzido de equipas (12) há mais jogos. Isto acontece, porque na primeira fase, todos jogam contra todos a duas voltas, mas, depois, numa segunda fase, os melhores quatro jogam entre si para definirem o campeão, transitando para esta etapa com metade dos pontos. Ou seja, na reta final, da temporada, dérbis e clássicos, se tudo correr como previsto, não vão faltar.