Derrotar a direita é o primeiro objetivo do Bloco de Esquerda, garantiu Mariana Mortágua, depois da reunião da mesa nacional do partido.

“O primeiro objetivo é derrotar a direita. Se o PS deixou o país num pântano, a direita só vai cavar mais fundo e alargar esse pântano, com mais políticas contra os serviços públicos, com mais políticas de promiscuidade entre o público e privado, com a entrega do que resta e é nosso ao privado”, disse.

Para Mariana Mortágua, a direita “não tem qualquer solução” para a atual crise “social e política” – cuja responsabilidade atribuiu à maioria absoluta do PS -, porque propõe “o mesmo regime dos negócios, do privilégio, da porta giratória”.

Marcar o futuro é a segunda prioridade traçada pela coordenadora do Bloco, que quer ser “determinante para as soluções que contam” e para “mudar a vida de quem vive em Portugal e que não merece este regime de facilidades para uns, tanto privilégio para alguns negócios e para benefício de algumas empresas em contrapartida com uma vida tão dura para quem trabalha e para quem não vê um horizonte de esperança. Queremos dar esse horizonte de esperança a Portugal”.

“O nosso objetivo é ser determinantes, é poder ter uma palavra a dizer no pós eleições que determine as políticas que irão para a frente em Portugal”.

O Bloco de Esquerda diz que tem soluções para o país, na habitação, na saúde, na educação. “É sobre estas questões que se vai fazer a campanha eleitoral”.

“Quando olho para o PS e para os candidatos à liderança do PS o que vejo é que em vez de uma reflexão crítica ou à admissão da crise política e social em que a maioria absoluta nos deixou, vejo esses candidatos a assumir toda a herança da maioria absoluta como se se tratasse de uma simples sucessão como se o país não estivesse mergulhado numa crise social à qual é preciso dar resposta”, diz Mariana Mortágua, em declarações transmitidas pela RTP, quando questionada sobre se ser determinante no pós-eleições é uma manifestação de disponibilidade para uma nova geringonça.

Mariana Mortágua afirmou que Pedro Nuno Santos e José Luís Carneiro defendem que “há uma boa herança da maioria absoluta que é preciso continuar”, o que considerou ser “garantia de mais crise, de mais instabilidade e, no limite, é também nessa instabilidade que a extrema-direita cresce”. Mariana Mortágua disse acreditar que houve muita gente “bem-intencionada” que votou no PS nas últimas legislativas “à espera de estabilidade e de uma alternativa à direita”, mas acrescentou que esse voto “deu uma governação do PS que defraudou todas as expectativas de estabilidade”.

“Dizer às pessoas que o caminho da estabilidade é o mesmo PS da maioria absoluta que trouxe uma crise política e social ao país é enganar as pessoas e acho que isso nós não podemos fazer”, defendeu.

O Bloco não quer falar sobre a troca de palavras entre primeiro-ministro e Presidente, porque “é de tal forma preocupante que eu acho que o meu dever é não acrescentar confusão à confusão”. E conclui: “O que interessa é saber o que cada partido propõe”.

Questionada sobre quando é que o Bloco pretende apresentar o seu programa eleitoral – de acordo com o projeto de resolução aprovado nesta Mesa Nacional, os primeiros candidatos às eleições serão decididos numa reunião em dezembro -, Mariana Mortágua indicou que o partido está a prepará-lo, mas as suas “principais propostas já são conhecidas”.

“Batemo-nos por elas há anos e é esse percurso de coerência que temos feito nos últimos anos. Não é novidade para ninguém que temos a expressão precisa do que é preciso fazer na lei para conseguir fixar médicos no SNS. (…) Quem diz isto na saúde, diz na habitação, na educação, nos salários ou na reconversão industrial”, disse.

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