Abaixo a girlboss! Longa vida à snail girl! Com duas exclamações poderia encapsular-se a disposição da nova tendência que tomou conta das redes sociais nos últimos dois meses, depois de Sienna Ludbey, fundadora da Hello Sisi, ter assinado um texto no Fashion Journal onde explica: “Por que estou a abrandar e a escolher manter-me feliz em vez de ocupada.”

O que propõe é uma nova abordagem à vida, uma quebra com os desígnios hiper-produtivos e focados no trabalho da mentalidade girlboss, que — à boleia de Sophia Amoruso, fundadora da Nasty Gal — encorajou, ao longo da última década, as mulheres a depositarem todos os seus esforços no objetivo de serem bem-sucedidas.

“Pensamento da semana”, escreveu Ludbey numa mensagem para uma amiga. “A minha girlboss interior morreu e a minha era de snail girl [‘rapariga caracol’, em tradução livre] começou.” Uma snail girl, propõe, leva o seu tempo a fazer as coisas, retira-se quando precisa de descansar e segue o seu próprio caminho, ao seu próprio ritmo. “É o oposto de como me tenho sentido nos últimos anos.”

A Hello Sisi vende carteiras, sacos e acessórios com muita cor, glitter e nostalgia

Lançou a Hello Sisi em 2018, despediu-se do emprego a tempo inteiro e o crescimento da marca tornou-se prioridade, focada em aumentar as vendas e em somar cada vez mais likes nas redes sociais. “Estamos agora na segunda metade de 2023 e passaram pouco mais de cinco anos desde que comecei o meu negócio”, reflete. “As fendas começam a aparecer. Uma nova luz está lentamente a começar a entorpecer o brilho assoberbante da minha personalidade girlboss.

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“A snail girl, para mim, não é sobre ir de férias ou parar completamente de trabalhar. Adoro o que faço e a comunidade incrível que apoia a minha marca”, continua. “É apenas sobre lembrar-me de não ser tão dura comigo mesma, de manter um equilíbrio entre a vida pessoal e a profissional, e sobre parar de comparar o meu trajeto aos dos outros.”

Com uma crescente sensibilização para os temas da saúde mental e uma maior incidência de burnouts, lê-se no Business Insider, as novas gerações estão a questionar os paradigmas laborais. Para Michelle P. King, ex-diretora de diversidade e inclusão na Netflix, a mentalidade girlboss baseia-se na premissa de que as mulheres “têm de mudar ou consertar-se para se alinharem e competirem com os homens no trabalho”, ideia que considera “misógina”. Por outro lado, esta nova tendência desafia “locais de trabalho com culturas tóxicas”, onde os funcionários são encorajados a trabalhar longas horas, a estar sempre ligados e a lidar com “maus chefes”.

@fashionjournalmagazine

The era of the snail girl is here!! ???? FJ Branded Content and Features Editor @Maggie Zhou chats through the Founder of @Hello Sisi Gift Shop’s article on slowing down and rejecting hustle culture ???? #fashionindustry #productivity #hustleculture #capitalism #fashionjournalmagazine

♬ original sound – Fashion Journal Magazine

No TikTok, o Fashion Journal publicou um vídeo dedicado à dissertação de Ludbey, onde a editora de conteúdos, Maggie Zhou, anuncia: “A girlboss está a rebolar no seu túmulo, bem-vindos à era da snail girl.” A tendência já é um movimento na rede social, com um hashtag que acumulou mais de 2.1 milhões de visualizações e centenas de TikTokers a partilharem as suas próprias rotinas de “rapariga caracol”.

“Estou consciente de que a minha possibilidade de abrandar e dar um passo atrás vem de um sítio de privilégio financeiro'”, continuava ainda Ludbey, propondo que a mentalidade pode ser adaptada ao estilo de vida de cada um, estabelecendo limites profissionais, sem travar a entrada de rendimentos. “Podem torná-la vossa. Vamos guiar-nos por uma perspetiva que nos mantém felizes, em vez de ocupadas.”