O PCP organizou este sábado um protesto contra o encerramento da valência de cirurgia geral no serviço de urgência externa do Centro Hospitalar da Póvoa de Varzim/Vila do Conde, no distrito do Porto, que entrou em vigor sexta-feira.
A iniciativa de luta, promovida pelas estruturas locais e distritais do partido, juntou algumas dezenas de pessoas em frente ao polo da unidade da Póvoa de Varzim, para reprovar “os condicionalismos graves no atendimento à população”.
“Manifestamos a nossa indignação contra o encerramento de um serviço que é essencial e que tem de ser prestado à população, sobretudo quando assistimos à promoção do negócio privado da doença, nomeadamente na Póvoa de Varzim”, disse André Gregório, da Direção Regional do Porto do PCP.
O responsável considerou que a questão de base que leva ao encerramento desta valência se deve “à falta de vontade do governo de resolver os problemas e de atender às justas reivindicações dos médicos”, lembrando várias ameaças de encerramento de serviços na unidade.
“Este Centro Hospitalar da Póvoa de Varzim/Vila do Conde tem estado ‘debaixo de fogo’ há alguns anos. Já houve a ameaça de encerramento do serviço de obstetrícia, depois de todo o serviço de urgência, e, agora, desta valência de cirurgia. Defendemos a construção de um novo hospital que sirva a população da Póvoa de Varzim e Vila do Conde, que é uma necessidade identificada há 20 anos”, completou o dirigente comunista.
O encerramento da valência de cirurgia no serviço de urgência, durante as madrugadas, foi justificado com a necessidade de “ajustar e gerir os recursos existentes”, mas o PCP defende que numa área sensível com esta “não pode haver escassez de recursos”.
“Conseguimos perceber que é necessário fazer gestão de recursos, mas tendo em conta a natureza deste serviço não pode haver escassez. A urgência tem de estar dotada com profissionais para prestar cuidados. É fundamental que o governo crie condições para que médicos, enfermeiros e assistente se fixem no SNS para dar a resposta”, concluiu André Gregório.
O encerramento, durante as madrugadas, da valência de cirurgia geral no serviço de urgência externa da Póvoa de Varzim, já estava a ser ponderado desde 2021, e foi agora tomado por uma “questão de ajuste e gestão dos recursos existentes”.
“No último ano, neste período entre a meia-noite e as oito da manhã, apenas um doente por mês foi operado no serviço cirurgia geral da urgência externa. A decisão de encerrar esta valência específica é apenas uma prática de boa gestão, pois há alternativas num raio de 30 quilómetros”, explicou à Lusa fonte da unidade.
Assim, apenas entre a meia-noite e as oito da manhã, os doentes que necessitem de cirurgia de urgência serão encaminhados, pelo CODU, para hospitais em Matosinhos, Porto ou Famalicão, a sensivelmente 15 minutos de distância.
Apesar do encerramento desta valência de cirurgia geral, os restantes serviços da urgência do Centro Hospitalar da Póvoa de Varzim/Vila do Conde, que serve uma população de cerca de 150 mil pessoas nos dois concelhos, continuarão a funcionar as 24 horas.
A mesma fonte vincou, ainda, que a “segurança dos doentes será sempre assegurada”, garantindo que, em casos extremos, há sempre médicos em permanência no hospital, que poderão avaliar as situações e intervir.