O primeiro jogo em França teve momentos que fizeram sonhar apesar da derrota, a segunda partida diante da Noruega trouxe mais uma vitória histórica no percurso da Seleção A feminina, os dois encontros que se seguiram diante da Áustria terminaram com desaires que não traduziram de forma fiel a diferença entre os conjuntos ao longo dos 90 minutos. Portugal chegava à Noruega com tudo em aberto no que toca às metas possíveis na Liga das Nações mas, pela primeira vez em todo o percurso, falhou de forma rotunda. Entrou mal, sofreu dois golos de rajada, nunca conseguiu reagir a não ser quando a história estava escrita, acabou a consentir uma goleada. Com isso, uma potencial luta pelo segundo lugar e consequente permanência na Liga A mudou para uma pequena esperança de chegar à terceira posição do grupo e acesso ao playoff de permanência, sendo que nem alcançando o que nunca tinha alcançado estava garantido que chegaria a esse patamar, tendo em conta que precisava bater a França e esperar que a Noruega perdesse com a Áustria.

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“O espírito depois das derrotas nunca é o mesmo mas é algo que temos vindo a falar com as jogadoras há muitos anos. A nossa estratégia tem sido, na vitória ou na derrota, 24 horas de festejo ou de luto para depois nos focarmos no próximo objetivo. Felizmente ainda temos um objetivo desportivamente neste grupo. É o único grupo onde esta posição de manutenção na Liga A ainda está em aberto. Teremos de garantir a nossa parte, que é este desafio enorme de vencer a França, para depois, e não dependendo só de nós, chegar ao objetivo que queremos”, comentara Francisco Neto no lançamento de um jogo que poderia deixar Portugal na última posição do grupo com a consequente despromoção à Liga B na próxima edição. “A forma como esta equipa tem competido nesta Liga das Nações é algo que tem de deixar os portugueses orgulhosos. Com altos e baixos, melhores e piores. Este último com a Noruega foi o jogo em que fomos menos competitivos no todo mas tivemos sempre uma atitude competitiva alta. Estamos a chegar à primeira divisão e a aprender com os erros. Infelizmente, ao mínimo erro cometido temos sofrido…”, acrescentara.

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“Espero que isso não quebre esta trajetória, que este entusiasmo não se baseie apenas nos resultados da Seleção A. O futebol feminino português tem de ser muito maior. Temos tanta coisa a acontecer, tanta coisa importante, tanto trabalho tão bem feito… Sabemos e assumimos responsabilidade de, enquanto Seleção A, ter um lado muito visível e impactante mas queremos que as pessoas se identifiquem pelo todo. Acredito que quem gosta e tem acompanhado vai continuar. E os bons adeptos e os bons portugueses são bons nos bons e nos maus momentos”, destacara ainda sobre um potencial cenário indesejado de descida que mais não seria do que a “confirmação” daquilo que era a ordem dos potes na altura do sorteio da prova. Foi mesmo isso que aconteceu, apesar da derrota da Noruega na Áustria. No entanto, e mais uma vez, a descida à Liga B chegou num dos encontros em que Portugal teve maior regularidade em termos de exibição mas voltou a claudicar em pormenores que voltaram a fazer toda a diferença como nos encontros anteriores.

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Francisco Neto promoveu quatro mexidas em comparação com a equipa inicial de Oslo entre lesões e opções, com as entradas de Patrícia Morais, Dolores Silva, Kika Nazareth e Telma Encarnação para os lugares de Inês Pereira, Fátima Pinto, Andreia Norton e Jéssica Silva (que regressou ao Benfica para debelar um problema na coxa que a deixará de fora durante quatro a seis semanas) contra uma seleção gaulesa que mudou dez titulares em relação ao triunfo com a Áustria. E os primeiros minutos funcionaram como reflexo de ambas as abordagens, com a França sem capacidade de ligar setores para chegar ao último terço e Portugal a tentar a exploração das costas da defesa contrária até pelas características das duas unidades mais adiantadas. Ainda assim, o primeiro sinal de perigo foi das visitantes com Patrícia Morais a travar o remate de Asseyi (13′).

Apesar desse “susto”, a Seleção não se atemorizou e mostrou nos minutos seguintes a sua melhor versão, falhando a vantagem inicial numa grande jogada iniciada em Kika Nazareth e com assistência de Telma que só foi travada por Durand a remate de Ana Capeta (16′). O gás foi diminuindo com o passar dos minutos até ao intervalo mas Portugal mostrou que aquilo que poderia parecer impossível era um objetivo alcançável, algo que ganhou uma outra dimensão no arranque do segundo tempo e numa jogada que acabou por marcar todo o encontro, com uma combinação ofensiva que passou pelos pés do tridente ofensivo até ao remate de Telma Encarnação para a baliza a ser mal anulada por fora de jogo que colocaria Portugal na frente (56′) e a sonhar com o playoff tendo em conta que a Áustria estava a ganhar nessa fase à Noruega.

A sorte também ajudou a Seleção pouco depois, com Asseyi a acertar no poste numa recarga na área (62′) e Malard a ver um desvio na pequena área cortado por Diana Gomes para canto quando seguia para a baliza deserta (63′), mas foi Portugal que colocou mais risco no encontro tendo em conta que empatar ou perder era a mesma coisa em termos de futuro na Liga das Nações, ficando mais uma vez perto de marcar num remate com pouca força de Ana Capeta já no último quarto de hora (78′). O destino parecia em definitivo traçado e foi nesse período de descontos em que Francisco Neto abdicou de uma central para fazer um jogo direto em busca do golo da vitória que surgiram os piores calafrios para Patrícia Morais, que viu Malard e Becho acertarem com estrondo nos ferros (90+2′) antes de Geyoro sentenciar uma derrota cruel (90+4′).