Alexey Navalny, o líder da oposição a Vladimir Putin, “está desaparecido há três dias” depois de um “incidente de saúde sério”, dizem a porta-voz do ativista e a líder da Fundação Anti-Corrupção criada pelo russo.

No X, antigo Twitter, Maria Pevchikh, que lidera a Fundação Anti-Corrupção, explica que há três dias que não têm contacto com Navalny, que está detido numa prisão de alta segurança localizada a 200 quilómetros de Moscovo. O político russo já estava detido e sentenciado a 11 anos de prisão quando, em agosto, um tribunal da capital russa lhe prolongou a prisão, condenando-o a uma pena de mais 19 anos por apoio a extremismo.

“Os advogados dele viram a entrada [na prisão] recusada e foi-lhes dito para esperar. [Navalny] não apareceu nas audições marcadas no tribunal. Soubemos que na semana passada teve um incidente de saúde sério. A vida de Navalny corre um grande risco. Está em isolamento completo agora”, diz Pevchikh.

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A líder da fundação partilha uma publicação de Kira Yarmysh, porta-voz de Navalny, que usou o antigo Twitter para dar mais algumas informações sobre o incidente de saúde do ativista russo. Refere que o facto de não saberem concretamente onde está Navalny ou conseguirem falar com ele é “particularmente preocupante porque na semana passada estava doente na cela: ficou zonzo e caiu ao chão.”

De acordo com a porta-voz, funcionários da prisão terão deitado Navalny na cela e administrado algo por via intravenosa. “Não sabemos o que era, mas tendo em conta que ele não está a ser alimentado, que está a ser mantido numa cela de castigo, sem ventilação e que a sua capacidade de dar passeios foi reduzida ao mínimo, parece ser um desmaio de fome”, considera a porta-voz.

Além de não saberem de Navalny há três dias, as cartas que costuma escrever, que são censuradas pelos serviços prisionais antes de chegarem ao exterior, também pararam esta semana, diz Kira Yarmysh.

Ivan Zhdanov, advogado da fundação, explica que não receberam autorização para ver Navalny e que os funcionários da prisão disseram “para irem para o inferno”.

“Ficámos congelados lá fora o dia todo e simplesmente não pudemos entrar. Disseram para escrevermos reclamações e solicitações”, acrescenta.

Não é a primeira vez em que há preocupações com a saúde do ativista russo, um crítico das políticas de Vladimir Putin. Em 2020, Navalny foi envenenado com novichok, um agente nervoso russo, durante uma viagem à Sibéria.

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