O Sindicato dos Jornalistas (SJ) alertou esta quinta-feira que os trabalhadores a recibos verdes do Global Media Group (GMG) ainda não receberam o salário nem uma explicação para este atraso, segundo uma carta aberta.
No documento, a direção do SJ justificou que, “uma vez que a nova administração do GMG não tem respondido às missivas do Sindicato dos Jornalistas” entendeu “publicar uma carta aberta a alertar a empresa para a gravidade do atraso no pagamento dos salários dos trabalhadores a recibos verdes, que ao dia 14 de dezembro continuam sem salário ou uma explicação para o atraso”.
O GMG detém publicações como o Jornal de Notícias, Diário de Notícias, TSF e O Jogo.
Na missiva, o SJ afirma que, no dia 5 de dezembro, e tendo em conta o “atraso no pagamento dos salários aos trabalhadores”, alertou a administração do GMG para “o prazo de pagamento do subsídio de Natal” que não foi cumprido.
“Questionámos, também, se havia uma estimativa de quando iriam pagar aos denominados ‘trabalhadores a recibos verdes'”, destacou.
“Chegados a dia 14 de dezembro, somos informados de que estes trabalhadores precários ainda não receberam as retribuições respeitantes ao mês de outubro nem obtiveram qualquer esclarecimento sobre quando poderão vir a receber”, lamentou a direção da estrutura.
O SJ perguntou ainda quando é que a situação estará resolvida e qual o motivo do atraso.
“Infelizmente, o GMG desrespeita, há anos, de forma continuada, os prazos de pagamento aos denominados ‘trabalhadores a recibos verdes’, que, este ano, nunca receberam antes do dia 10 do mês seguinte, ou seja, na prática recebem a mais de 50 dias”, referiu.
O SJ realçou ainda que “não deixa de ser uma curiosa coincidência que o mês que se regista o atraso mais gravoso seja aquele em que os trabalhadores precários estão a receber um ‘contrato de prestação de serviços'” que “considera desumano e contrário às mais elementares boas práticas e orientações internacionais, europeias e nacionais”.
Segundo o sindicato, isto mostra uma “prática em contraciclo por parte do GMG que é reveladora da ausência de estratégia e acentua o desnorte das medidas mais recentes”.
Para o SJ, a análise desse documento “não se coaduna com o tempo que os trabalhadores precisam para, de cabeça calma e contas pagas, perceber o que lhes é proposto”.
“Em face do reiterado desrespeito evidenciado pela empresa face aos trabalhadores, o SJ espera que não haja qualquer relação entre o atraso no pagamento dos salários e as reservas, naturais, dos trabalhadores precários em assinarem um contrato leonino, através do qual a empresa se pretende furtar a toda e qualquer responsabilidade, reclama um conjunto direitos incomportáveis e atira para cima dos alegados ‘prestadores de serviço’ todos os deveres”, salientou.
O sindicato exige ainda uma garantia da administração para deixar estes trabalhadores “ponderarem e serem esclarecidos sobre a proposta apresentada e reclama o pagamento imediato das retribuições destas pessoas”.
A Administração do GMG abriu um programa de rescisões por mútuo acordo, para trabalhadores até 61 anos, com contrato sem termo, sendo que as compensações serão divididas por 18 meses, segundo um comunicado interno, noticiado a 11 de dezembro.
O GMG já tinha dito que iria negociar “com caráter de urgência” rescisões com 150 a 200 trabalhadores e avançar com uma reestruturação para evitar “a mais do que previsível falência do grupo”, como anunciou no dia 6 de dezembro, num comunicado interno.
Administração do GMG abre programa de rescisões por mútuo acordo
A situação do grupo tem motivado protestos dos trabalhadores, tendo várias direções de publicações já apresentado a demissão.