Os veículos eléctricos usufruem de uma série de vantagens, de poluírem menos, sobretudo no local onde circulam, a permitirem menores custos de utilização. Mas necessitam de recarregar a bateria com maior frequência do que um veículo com motor a combustão precisa de atestar o depósito, além do carregamento consumir uma quantidade de tempo muito superior, dependendo da potência disponível. Posto isto, um SUV a bateria é decididamente a pior opção para ligar o Pólo Norte ao Pólo Sul, mas o Nissan Ariya foi o modelo escolhido pelo casal Chris Ramsey e a sua mulher Julie para tentar percorrer 30.000 km, façanha que estão prestes a completar.
Desafiando a ansiedade provocada pela reduzida autonomia dos carros a bateria, a dupla britânica de aventureiros enfrentou o desafio de percorrer 30.000 km, em que a maioria seria longe de uma rede eficaz de postos de carga. E, só por isto, a missão tinha tudo para ser quase impossível, mas nem a elevada probabilidade de insucesso levou o casal de aventureiros a abrir mão do seu objectivo. Caso a distância fosse percorrida a 100 km/h sobre um asfalto regular e em zonas pouco acidentadas, o Ariya teria de parar para recarregar 67 vezes, valor que sobe para mais de 150 paragens se juntarmos ao cocktail os enormes pneus de 39 polegadas, a aerodinâmica prejudicada pela altura e largura superiores, bem como a necessidade de se deslocar sobre gelo e neve, que oferecem uma maior resistência ao avanço.
A Nissan, que deu uma mãozinha ao casal, garante que apesar de ter alterações ao nível das suspensões, pneus e equipamento de navegação por satélite mais eficiente, o Ariya utilizado na Pole to Pole Electric Vehicle Expedition continua a ser um veículo de série no que respeita aos dois motores (para usufruir de tracção 4×4), bateria (com uma capacidade de 91 kWh brutos e 87 úteis) e sistema de gestão, tendo o SUV de lidar com temperaturas entre 30ºC positivos e outros tantos negativos.
Mas como os postos de carga são raros junto aos pólos, para não dizer inexistentes, o Ariya reboca um aerogerador com pás desdobráveis para “atestar” de electrões. E se o vento faltar à chamada, o que nos pólos também é altamente improvável, os Ramsey contam com painéis fotovoltaicos para que o sol substitua o vento na geração de energia. Não deve ter sido um desafio isento de problemas, especialmente porque os carregamentos com os painéis e o aerogerador não serão tão rápidos quanto um posto de carga ligado à rede, de onde o Ariya pode retirar 130 kWh em corrente contínua ou 22 kWh em corrente alternada.