A Igreja Católica guineense defendeu esta terça-feira, numa mensagem de Natal, que “muitos já estão desesperados” com a instabilidade política no país e que as consequências económicas e sociais da situação “já são evidentes”.

Numa mensagem do bispo de Bissau, José Lampra Cá, e do padre Lúcio Brentegani, administrador da diocese de Bafatá, que cobre o leste e o sul da Guiné-Bissau, a Igreja Católica exorta os guineenses a rezarem pela paz sem perder a esperança no futuro do país.

A congregação considera que apesar da esperança na paz, no desenvolvimento, na fraternidade e unidade nacional que anima os guineenses, “muitos já começam a demonstrar sinais de cansaço e de desespero”.

“Infelizmente, há quem não quer isso, há quem não aceita que os guineenses possam viver tempos de paz num caminho de desenvolvimento e de fraternidade“, observam os responsáveis da Igreja Católica guineense.

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Olhando pelas festividades que marcam o mundo cristão por ocasião do Natal, os prelados defendem que “a Guiné-Bissau não quer ficar de fora desta fraternidade universal de paz”.

A Guiné-Bissau passa por um período de nova instabilidade política e governativa com a dissolução do parlamento e demissão, pelo Presidente do país, Umaro Sissoco Embaló, do Governo eleito em junho passado.

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O Presidente considerou existir no país uma grave crise institucional, com foco no parlamento, na sequência de trocas de tiros entre militares, uma situação que disse tratar-se de uma tentativa de golpe de Estado.

Para a Igreja Católica, os guineenses apenas esperam que haja a paz no país, embora muitos estejam já “desesperados com a situação da instabilidade política” cujas consequências económicas e sociais “já estão sendo sentidas”.

Os guineenses não querem continuar a andar em caminhos de divisão e de privilégios de alguns. As crianças guineenses têm direito de receber um país que lhes dê a possibilidade de um futuro melhor”, notaram os líderes católicos.

A Igreja Católica apela aos guineenses a manterem “a chama da solidariedade acesa”, que digam a verdade, apoiem o que deve ser apoiado e reprovem o que deve ser reprovado, sem ser violentos nos atos e nas palavras.

“Há um bom tempo que muitos guineenses estão com graves problemas económicos, e que poderão ser agravados por causa destes últimos acontecimentos políticos, há famílias que não têm o que comer”, referem os responsáveis da Igreja guineense.

De acordo com o último recenseamento da população, cujos resultados foram publicados em 2010, os católicos representam 17,6% de pessoas na Guiné-Bissau.

O total de todos os guineenses que se revêm na religião cristã são 19,7% da população.