O Bloco de Esquerda já vinha dando sinais de que estaria preparado para entrar numa geringonça 2.0, mas a coordenadora do partido, Mariana Mortágua, assumiu esta sexta-feira, de forma taxativa, que o partido quer negociar com o PS para chegar a um acordo político nesta legislatura.

“Queremos negociar um acordo com medidas concretas que corrijam erros e resolvam problemas que a maioria absoluta foi incapaz de resolver”, anunciou Mariana Mortágua, em conferência de imprensa, a partir da sede do Bloco.

E deixou desafios concretos: para o Bloco, “todos os partidos devem dizer ao que vêm com toda a clareza”, e fazê-lo ainda antes do arranque da campanha eleitoral. Ou seja: devem discutir medidas concretas e assumir quais são as suas políticas de alianças — incluindo quais as conversas que estão dispostos a ter para tentar, como pode ser o caso de Pedro Nuno Santos, formar uma maioria parlamentar que lhe permita formar governo. Nessa clareza que se exige, diz o Bloco, inclui-se a “maioria” com que cada partido conta para as concretizar.

Quanto a medidas concretas, a bloquista deu exemplos como o tecto para as rendas, as negociações para carreiras de médicos e professores e o combate à precariedade. Mais importante: um novo acordo à esquerda deverá agora ser mais exigente e ir além do que foram os acordos de 2015, que na altura serviram para reverter as medidas da troika e recuperar rendimentos — agora a ideia é que a esquerda construa um programa comum, estruturado para uma legislatura.

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Geringonça 2.0 só com acordo exigente e medidas para “futuro”. Esquerda evita assunto para já

A campanha, defendeu Mortágua, deve ser “transparente e esclarecedora” nesse sentido, para que os partidos assumam as suas intenções. “A campanha tem de ser sobre isto”.

E assegurou ainda não ter falado com Pedro Nuno Santos, fora o “cumprimento de circunstância” inicial quando foi eleito.

 Em entrevista ao Observador, o dirigente Jorge Costa — que foi um dos principais negociadores, do lado do Bloco, no tempo da geringonça — já tinha assumido que o Bloco quereria que os “termos” de um possível acordo fossem discutidos, à esquerda, durante a campanha. Agora é a líder que vem defender que a esquerda deve apresentar um “horizonte de esperança”, comum, ao país.

Nova geringonça? “Temos de debater termos desse acordo na campanha”