A maioria absoluta esfumou-se e não há quem acredite, entre os partidos de esquerda, que voltará tão cedo a ser hipótese. O caminho é outro: pensar em blocos que juntem a esquerda e a direita, uma conta que os partidos estão a fazer e que já alimenta conversas sobre uma espécie de geringonça 2.0 — um novo acordo mais exigente, com um programa mais claro e a apontar para o futuro, corrigindo, no fundo, as insuficiências da primeira versão dessa solução.

Os partidos que poderiam estar envolvidos numa solução deste género asseguram que, para já, não existem contactos — os cálculos mais concretos só poderão ser feitos na noite das eleições, tendo em conta o número de deputados que cada um conseguir somar, no caso de ser alcançada uma maioria de esquerda no Parlamento. Mas todos têm na cabeça os protagonistas que poderiam levar a bom porto uma solução deste género: Mariana Mortágua, Paulo Raimundo — sendo que o PCP se mostra mais cético do que o Bloco sobre um cenário destes –, Rui Tavares e, no caso de vencer a disputa interna pela liderança do PS, Pedro Nuno Santos.

Ainda assim, por agora, a ordem é uma e é igual para (quase) todos: não falar do assunto. Se é verdade que o tempo político acelerou e que os partidos começam a ser questionados sobre um potencial cenário de acordo muito mais cedo do que previam, também é verdade que a proximidade de eleições os obriga a manter a estratégia que vinham traçando até aqui e a demarcarem-se o mais possível, para já, do PS absoluto.

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