A decisão da União Europeia de não aprovar a norma Euro 7, como estava originalmente previsto, começa a ter consequências. A nova regulamentação estava destinada a limitar as emissões dos veículos comercializados no Velho Continente e deveria levar os construtores a electrificar quase a totalidade dos seus modelos, incrementando a aposta nos PHEV e nos veículos 100% eléctricos, à medida que os modelos com motor de combustão como unidade principal se tornariam cada vez mais caros de produzir. A decisão de manter o actual Euro 6 a partir de 2025, para veículos ligeiros, permite manter em produção por mais tempo os pequenos veículos com motorizações de capacidade reduzida.
De acordo com a publicação germânica Auto Motor und Sport, a Volkswagen atrasou em cerca de um ano, para Maio de 2026, a entrada em fabricação da versão definitiva do ID.2, um modelo a bateria concebido sobre a plataforma MEB0 que a própria marca define como tendo “as dimensões exteriores de um Polo e o espaço habitável de um Golf”. Além da derrapagem da entrada em produção do VW utilitário (com 4 metros de comprimento) eléctrico, isto deverá implicar o atraso no arranque da fábrica para veículos eléctricos em Barcelona (a transformação da fábrica da Seat em Martorell), bem como a fábrica de células para baterias em Valência, com as duas a terem merecido largos milhões de euros de ajudas do Estado espanhol e da própria UE.
O CEO da VW, Thomas Schäfer, assume o excesso de capacidade para a produção de eléctricos que não conseguem vender, o que levou a cortar na capacidade de produção das suas fábricas de Zwickau e Emden. Esta derrapagem do Euro 7 permite manter em fabricação os pequenos modelos a gasolina, como o Polo, com motores pequenos e preço a condizer, sem necessidade de compensar as suas emissões com mais modelos de emissões poluentes reduzidas.
Daí que o eléctrico ID.2, a produzir em Espanha e com uma autonomia de 450 km (em WLTP), tenha sido adiado. Soube-se igualmente que, com o rodar de um botão, é possível transformar o painel de instrumentos moderno do ID.2, que a marca denomina Classic, numa apresentação Vintage, que recupera na íntegra o painel do primeiro Golf de 1974. Além de atrasar o utilitário ID.2, esta decisão leva a adiar o interesse em fabricar o SUV eléctrico a produzir sobre a mesma plataforma, que a VW apresentou nos últimos dias de 2023 e que, assim, derrapará para 2027.