A ministra da Defesa portuguesa afirmou esta quarta-feira que a criação de uma célula operacional de cooperação civil-militar (CIMIC) na Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) “pode contribuir” para a segurança global.

Helena Carreiras, que falava ao final da tarde na cerimónia de apresentação do livro “25 anos de Cooperação de Defesa na CPLP” , na Universidade Autónoma de Lisboa, disse que tem divulgado internacionalmente a célula operacional de cooperação civil-militar junto de organizações como a Organização das Nações Unidas.

A governante garantiu que tem conhecimento de que “foi bem recebida” e considerou-a “exemplificativa” do que de positivo está a ser feito pelos nove Estados-membros em termos de cooperação na Defesa.

Outro aspeto que mereceu uma referência especial da ministra na cooperação multilateral em Defesa na Comunidade dos Países de Língua Portuguesa foi o da formação de militares.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Portugal inicia em novembro formação de militares da CPLP para missões de paz da ONU

Helena Carreiras considerou que esta tem-se adaptado aos novos desafios globais, e apelou para que se zele por iniciativas como as que referiu.

O Secretário executivo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa , por seu lado, sublinhou que a “cooperação em matéria de Defesa contribui de maneira muito concreta, para a coesão da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa , através da busca e identificação de respostas conjuntas a problemas partilhados, sejam os desafios securitários regionais, as situações de catástrofe ou as ameaças de escala global que caracterizam as relações internacionais”.

Zacarias da Costa realçou que as matérias de defesa têm “vindo a captar uma atenção crescente, não só por parte dos Observadores Associados da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa e organizações internacionais, que têm manifestado interesse em acompanhar os Exercícios Felino, por exemplo, como também do público em geral, oriundo dos mais diversos quadrantes”.

Por isso, a organização acabou de lançar um canal exclusivamente dedicado à cooperação em matéria de defesa no portal da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, do qual faz também parte uma ligação de acesso ao CAE, referiu.

O responsável concluiu que a cooperação na área da defesa “projeta a organização no plano internacional enquanto plataforma de países que, reafirmando toda a sua diversidade, convergem na língua e nos múltiplos laços que os unem, capitalizando os seus fatores identitários num ativo geopolítico”.

Na apresentação em Portugal do livro “25 anos de Cooperação de Defesa da CPLP”, um dos autores do livro, Luís Bernardino, professor na Universidade Autónoma de Lisboa, também destacou a iniciativa CIIC.

“No presente, mas numa perspetiva de futuro, a Cooperação de Defesa da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa aposta no reforço das reuniões entre diferentes responsáveis de Defesa e tem-se focado, mais recentemente, na construção de uma Célula Operacional de Cooperação Civil-Militar, vista como um instrumento operacional que possa levar a comunidade para um compromisso maior de se constituir, potencialmente, como um produtor de segurança regional e global”, afirmou o professor e militar.

Numa entrevista à Lusa a propósito da apresentação do Livro, divulgada esta manhã, Luis Bernardino já tinha defendido que a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa pode ser um “grande produtor de segurança” para África, nomeadamente para o Golfo da Guiné, onde se localizam cinco dos nove Estados-membros, mas precisa, antes, de uma estratégia de Defesa.

A obra já está disponível online, não só no site da Biblioteca da Universidade Autónoma de Lisboa como em toda a Rede de Bibliotecas de Defesa da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, aguardando ainda a oportunidade de financiamento para passar de uma edição virtual para uma edição impressa.