O líder do novo partido Congresso Africano para a Transformação (ACT, na sigla em inglês), Ace Magashule, ex-secretário-geral do ANC, no poder, anunciou a intenção de criar uma “frente unida” com o ex-Presidente da África do Sul Jacob Zuma.

Em comunicado, o antigo secretário-geral do Congresso Nacional Africano (ANC, na sigla em inglês) e aliado próximo do ex-presidente Jacob Zuma – ambos integraram o uMkhonto we Sizwe (MK), o braço armado do ANC até 1994 – referiu que a “nova era de colaboração e mudança” terá por objetivo contestar as eleições gerais deste ano na África do Sul.

Magashule, 63 anos, que foi expulso do ANC em junho de 2023, após enfrentar na justiça um caso de corrupção, anunciou em agosto a criação do seu próprio partido político. Jacob Zuma, 81 anos, envolvido em vários escândalos de corrupção, incluindo um caso de alegado suborno na justiça com mais de 20 anos envolvendo o fabricante de armamento francês Thales, não saiu do partido, mas anunciou no mês passado que não votaria pelo ANC, apelando ao voto num pequeno partido radical recentemente registado de nome Umkhonto We Sizwe (MK).

Segundo o partido ACT, Ace Magashule apresentará nos próximos dias, em Pietermaritzburg, capital da província do KwaZulu-Natal, sudeste do país, “a visão de uma frente unida entre o ACT e o MK”. Por outro lado, Zuma foi convidado a participar num serviço religioso organizado pela Igreja Baptista de Nazareth em Khenana, KwaZulu-Natal, no sábado. Segundo o partido, a igreja tem mais de 10 milhões de membros, sendo das “mais respeitadas” no país.

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Segundo analistas políticos sul-africanos, as novas alianças dissentes do partido ANC, no poder há cerca de 30 anos na África do Sul, demonstra a existência de “divisões profundas” no seio do partido do líder histórico Nelson Mandela, que enfrenta nos últimos anos acusações de corrupção desenfreada, elevados níveis de crime organizado no país, desemprego e a quase falência das empresas públicas.

O desempenho eleitoral do ANC nas eleições gerais tem vindo a diminuir desde as primeiras eleições multirraciais e democráticas em 1994. O eleitorado, nomeadamente a maioria negra, afastou-se cada vez mais do partido no poder desde o fim do anterior regime de apartheid, em 1994.

A África do Sul, que é considerada a economia mais desenvolvida do continente, tem atualmente uma taxa de desemprego superior a 32%, tendo sido classificada como o país mais desigual do mundo pelo Banco Mundial.