A vitória sem precedentes do antigo Presidente dos Estados Unidos da América Donald Trump no caucus do Iowa com mais de 50% dos votos — algo que nunca tinha acontecido — teve consequências quase imediatas nas campanhas dos seus adversários nas primárias do Partido Republicano. Dois candidatos anunciaram a sua desistência, enquanto Nikki Haley indicou que não participará em mais debates, a não ser que o magnata esteja presente.

Logo após o anúncio dos resultados, o empreendedor Vivek Ramaswamy, que ficou em quarto lugar no caucus do Iowa, indicou que desistia da corrida do Partido Republicano, declarando o apoio ao antigo Presidente. “Não há caminho para eu ser o próximo Presidente. Liguei para Donald Trump para o felicitar pela vitória e para lhe dizer que a partir de agora ele terá o meu total apoio”, explicou.

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O apoio de Vivek Ramaswamy a Donald Trump não surpreende. O empreendedor bilionário, filho de pais indianos, já tinha elogiado o antigo mandato do ex-Chefe de Estado. “Como eu tinha dito desde o início, há dois candidatos America First [América em primeiro lugar, em português] nesta corrida”, explicou no discurso em que divulgou que desistira das primárias republicanas.

Aliás, como escreve o Guardian, Vivek Ramaswamy vai dedicar-se mesmo à campanha de Donald Trump, tendo presença confirmada num evento do magnata em New Hampshire, o próximo estado a decidir quem deve ser o candidato republicano a disputar a corrida rumo à Casa Branca.

Além disso, Asa Hutchinson, antigo governador do Arkansas e crítico de Donald Trump entre os republicanos, revelou esta terça-feira que também ele iria abandonar as primárias republicanas. “Suspendo a minha campanha para Presidente e volto para o Arkansas”, assinalou o político de 73 anos, que ficou em quinto lugar no caucus do Iowa, não elegendo qualquer delegado.

Num comunicado citado na imprensa norte-americana, Asa Hutchinson não declarou o apoio a nenhum dos candidatos, mas manteve o tom crítico ao antigo Presidente. “A minha mensagem de ser um republicano com princípios e com experiência que diga a verdade sobre quem vai à frente na corrida não resultou no Iowa”, reconheceu o ex-governador, garantindo, não obstante, que se orgulha da campanha que realizou.

Nikki Haley recusa debates

Em terceiro lugar com 19% no caucus do Iowa, ficou a antiga governadora da Carolina do Sul, Nikki Haley. Foi tido como um resultado negativo, tendo em conta o ímpeto que a republicana estava a ganhar nas últimas semanas. Tendo em conta este desaire, a política de 51 anos reagiu e anunciou que não participará em mais nenhum debate, a não ser que Donald Trump esteja presente.

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“Tivemos cinco debates incríveis nesta campanha. Infelzimente, Donald Trump recusou-os a todos. Não tem mais nenhum sítio para se esconder. O próximo debate que eu farei será ou com Donald Trump, ou com Joe Biden”, escreveu Nikki Haley na sua conta pessoal do X (antigo Twitter).

Apesar desta decisão, em declarações à CBS, Nikki Haley recusou que o resultado tenha sido negativo. “É uma maratona. Não é um sprint e nós estamos a tomar um passo de cada vez”, disse, enfatizando que o que aconteceu no Iowa “foi muito bom”. “Mas estamos muito excitados para estar no New Hampshire e tornarmo-nos ainda mais fortes”, assegurou a antiga governante, numa alusão aos bons resultados que tem obtido nas sondagens daquele estado.

Nikki Haley está a tentar fazer das primárias um embate direto com Donald Trump, trespassando a ideia de que Ron DeSantis é idêntico ao magnata. À CBS, Nikki Haley vincou que é um corrida entre “duas pessoas”, assumindo-se como uma “líder das novas gerações”.

Em resposta, Ron DeSantis criticou a adversária por não querer participar em mais debates. O governador da Florida acusou Nikki Haley de ter “medo de debater”: “Ela não quer responder a perguntas difíceis”. “A realidade é que ela não está na corrida para a presidência, ela está a concorrer para ser a vice-presidente de Trump”, atirou ainda o político no X.