Carla Castro deixa a Iniciativa Liberal quando terminar o mandato de deputada, após uma “decisão refletida e ponderada”. Em declarações ao Público, a deputada que não integra as listas da IL às eleições legislativas de 10 de março, e que chegou a ser candidata à liderança, revela que vai cumprir mandato até ao fim e que, após essa data, “fecha-se um ciclo” e deixará o partido.
“A minha decisão de deixar o partido prende-se exclusivamente com a minha visão do que é um partido liberal, do que entendo que o país precisa e no que me revejo”, disse, considerando que esta é a “altura certa [para o anunciar], antes do início da campanha eleitoral e com as listas fechadas, evitando distorções ou distrações mediáticas”.
Já esta sexta-feira, de manhã, o líder da IL, Rui Rocha, foi questionado pelos jornalistas em Bragança sobre o caso. “Vamos a factos: há um mês, Carla Castro manifestou disponibilidade para integrar as listas de Iniciativa Liberal, depois perante um convite concreto para um lugar entre o quinto e o sétimo lugar das listas de Lisboa, entendeu recusar, decide agora a sua saída“.
Rui Rocha acrescenta, nas mesmas declarações: “eu lamento tudo isto“. Mas garante: “estou focado no dia 10 de março, em trazer soluções para o País“.
Somaram-se reações nas redes sociais. Tiago Mayan Gonçalves, antigo candidato presidencial dos liberais e apoiante da deputada na corrida interna pela liderança, descreveu a notícia como “um golpe“, na rede social X e outros dirigentes do partido, como Rafael Corte Real, membro do Conselho Nacional do partido lamentou a saída como um “sinal preocupante”
https://t.co/KLDEnkm0Ee
Esta notícia é um golpe.
1️⃣ Um ato pessoal de reconhecimento pela @carlacastroPt e por tudo o que ela deu à @LiberalPT. Indissociavelmente ligada à história de sucesso do partido, desde o tempo do deputado único. Muito lhe devemos, como a muito poucos.— Tiago Mayan (@LiberalMayan) January 18, 2024
Em entrevista à Rádio Observador, Tiago Mayan Gonçalves reagiu – pela primeira vez em viva voz – à saída de Carla Castro da Iniciativa Liberal.
“Depois do dia 10 de março, há um momento de reflexão a fazer”, não só por causa da saída de Carla Castro, como também pela saída de vários críticos da liderança atual. Mayan Gonçalves acredita que a responsabilidade das “opções e estratégia” é da atual Comissão Executiva e por isso pede uma análise à vida interna do partido “independentemente dos resultados” a 10 de março.
Ouça aqui a entrevista, na íntegra, de Tiago Mayan Gonçalves à Rádio Observador.
O antigo candidato ao Palácio de Belém reconhece a saída de Carla Castro como uma “enorme perda” e quando é questionado sobre a resposta que Rui Rocha tem dado, de que são mais os membros que entram do que os que saem do partido, Tiago Mayan Gonçalves lembra que “as pessoas não são números” e que muitos dos quadros que abandonam os liberais são “ímpares”.