A escritora japonesa Rie Kudan, de 33 anos, venceu esta semana o Prémio Akutagawa, um dos mais prestigiados do Japão, para melhor obra de ficção escrita por uma jovem autora. Depois, reconheceu publicamente que para escrever parte do romance premiado contou com a ajuda da inteligência artificial.

Em conferência de imprensa, segundo a CNN, Rie Kudan disse que cerca de 5% do livro The Tokyo Tower of Sympathy, que decorre numa cidade de Tóquio futurista em que a inteligência artificial faz parte do quotidiano, foi gerado, palavra por palavra, pelo ChatGPT, da tecnológica OpenAI.

Pretendo continuar a lucrar com o uso da IA na escrita dos meus romances, ao mesmo tempo em que deixo a minha criatividade expressar-se ao máximo”, afirmou a escritora.

Rie Kudan revelou ainda que utiliza o ChatGPT para obter respostas acerca dos problemas da sua vida que sente que não pode contar a ninguém. “Quando a inteligência artificial não dizia o que eu esperava, às vezes refletia os meus pensamentos nas falas da personagem principal”, disse, dando conta de que algumas das respostas do chatbot da OpenAI inspiraram diálogos do livro.

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O romance foi considerado pelo júri como “praticamente perfeito” e, de acordo com o The New York Post, segue uma arquiteta, chamada Sara Makina, que está a construir um centro de reabilitação para criminosos, e Takuto, um jovem que está a escrever a sua biografia. Shuichi Yoshida, um dos jurados, classificou, ao The Times, o romance como um “trabalho muito divertido e interessante, que suscita o debate sobre a forma de o classificar”.

Por sua vez, o escritor Keiichiro Hirano, que também é membro do comité do galardão, recorreu às redes sociais para dizer que não viu a utilização de inteligência artificial como um problema: “Tenho a certeza de que haverá problemas com este tipo de uso [da inteligência artificial] no futuro, mas esse não é o caso do The Tokyo Tower of Sympathy. Isso não representou um problema.”