Pacheco Pereira foi bastante crítico da receção apoteótica que a convenção da AD fez a Pedro Santana Lopes que foi o convidado surpresa dos trabalhos de domingo.

Santana Lopes: “Como é que o PS não pede desculpa?”

Pacheco Pereira, que diz ser militante do PSD há cerca de 25 anos e que “tive quase todos os cargos dentro do PSD e saí de todos eles por minha vontade” —, assume “sérias divergências políticas com o curso do partido nos últimos anos”.

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Garante que, por isso, se pergunta porque continua no PSD. “Por um lado porque conheço muito bem as características genéticas de um partido como o PSD que acho fundamentais para a sociedade portuguesa, o seu conteúdo reformista, social-democrata; porque tenho respeito por muita gente com quem trabalhei – Cavaco Silva, Manuela Ferreira Leite, Rui Rio, vários –; e ao mesmo tempo também porque muitas vezes a atitude destes dirigentes que para aí existem, de carreira, contrasta muito com a cumplicidade dos militantes sempre que vou a qualquer sítio”.

E, por isso, conclui: “Não lhes faço o gosto de sair do partido. Se quiserem expulsem-me”. Quando perguntam porque não vai para o PS, Pacheco Pereira explica que não vai “por uma razão muito simples”: “É porque sou social-democrata e não socialista. E sei qual é a diferença. Há muita gente que não sabe qual é a diferença. E mais. Para lhes dificultar as afirmações nunca votei no PS e não tenho intenção de votar no PS. Estou muito bem onde estou. Agora custa-me algumas coisas”.

O que custa na Convenção, diz, “é que os partidos deviam ter vergonha de si próprios”, recordando que a intervenção que teve mais palmas foi a de Pedro Santana Lopes que “saiu do PSD e criou um partido contra o PSD”. “Correu-lhe mal a festa, mas criou a Aliança contra o PSD”.

Em condições normais para um militante comum isto significaria a imediata expulsão e só poderia ser readmitido por uma deliberação da comissão política e do conselho de jurisdição e as palmas, que aliás já não é a primeira vez que acontecem, e aquela receção apoteótica são de facto o benefício do infrator”, declara Pacheco Pereira, no programa da CNN, O Princípio da Incerteza.

E continuou: “Eu tenho vergonha por aquilo. Se é possível fazer aquilo e se aquilo é mais importante que as divergências de caráter político — chamo a atenção criou um partido contra o PSD do qual saiu apenas quando as suas ambições pessoais não resultaram — e o Pedro Santana Lopes tem uma coisa péssima na história do PSD. O PSD tinha fama de ser um bom governo, e perdeu isso com Pedro Santana Lopes e quem entregou o governo a José Sócrates foi Pedro Santana Lopes”.

“É um péssimo sinal. Os partidos têm de ter uma capacidade de ter vergonha daquilo que fazem e o PSD mostrou não ter vergonha nenhuma”.