Centenas de trabalhadores da EDP protestaram esta quarta-feira em Lisboa, junto à sede da empresa, pela valorização das carreiras, no mesmo dia em que cumprem uma greve de 24 horas.
Cerca das 12h00, algumas centenas de trabalhadores da EDP vindos de vários pontos do país, vestidos com os casacos e capacetes de trabalho, juntaram-se frente à sede da empresa, ao som de bombos e assobios, para exigir a valorização das carreiras.
“Para os acionistas milhões, para nós tostões” ou “basta de rasteiras, valorizem as carreiras” foram algumas das palavras de ordem que se ouviram durante o protesto, onde não faltou também o “Grândola, Vila Morena”, de Zeca Afonso.
Os trabalhadores da EDP têm estado em greve ao trabalho suplementar desde dezembro de 2023 e marcaram a greve desta quarta-feira em todas as empresas do grupo, “pela correção de injustiças e pela valorização da experiência profissional”, conforme refere o comunicado da Federação Intersindical das Indústrias Metalúrgicas, Químicas, Elétricas, Farmacêutica, Celulose, Papel, Gráfica, Imprensa, Energia e Minas — CGTP-IN (Fiequimetal).
Trabalhadores da EDP em greve no dia 24 de janeiro por aumentos salariais
Também o Sindicato Nacional da Indústria e Energia (Sindel), filiado na UGT, sublinhou, em comunicado, que a EDP “tem-se mostrado alheia e sem colocar soluções em cima da mesa” para as reivindicações dos trabalhadores e que “esta situação levou à união dos trabalhadores, e à vontade de demonstrar o seu desagrado”.
Os trabalhadores exigem subidas nas bases remuneratórias e generalização da remuneração por antiguidade, as chamadas diuturnidades, e destacam os lucros de 956 milhões de euros registados pela empresa nos primeiros nove meses de 2023 (mais 83% do que no mesmo período de 2022).
Em declarações à Lusa, o secretário-geral do Sindel, Rui Miranda, explicou que andam a alertar a EDP há dois anos para o conflito que ia criar com as recentes contratações.
“A EDP foi ao mercado de trabalho e admitiu recentemente trabalhadores a ganhar mais do que os que estão cá há 10 anos, gerou uma contestação bastante grande e não quis depois sentar-se com os sindicatos de forma séria para tratar destes trabalhadores”, apontou o dirigente sindical.
Já o coordenador da Fiequimetal, Rogério Silva, garantiu que a proposta dos sindicatos para resolver o diferendo é “exequível” e acusou a empresa de simular que negoceia.
“[A nossa proposta] tem um custo anual de 15 milhões de euros, está perfeitamente ao seu alcance [da EDP], só não o faz porque quer alimentar o corte geracional e aplicar condições de trabalho niveladas por baixo aos mais novos”, realçou o sindicalista, acusando a empresa de estar a contribuir para que os jovens saiam da empresa e emigrem.
Para Tiago Flores, técnico eletricista que ganha cerca de mil euros de ordenado, o problema resolvia-se com o pagamento das antiguidades, permitindo que a empresa continuasse a contratar sem afetar os profissionais que já tinha.
“Temos ‘n’ acidentes todos os anos […] com esta atividades, nem subsídio de risco temos”, acrescentou o trabalhador.
No final do protesto, os representantes dos trabalhadores entregaram na empresa um documento assinado por todos os sindicatos, onde estão expressas as suas reivindicações.