A ministra Adjunta e dos Assuntos Parlamentares, Ana Catarina Mendes, afirmou esta quinta-feira que é “frontalmente contra” a manifestação agendada para a zona do Martim Moniz, em Lisboa, para protestar “contra a islamização da Europa”.
Sobre “a ideia de uma manifestação contra a islamização, que é assim que está anunciada e a ser verdade que ela se vai realizar (segundo o) que está nas redes sociais, devo dizer sou frontalmente contra qualquer manifestação que incite ao ódio e à violência e, portanto, por maioria de razão sou contra essa manifestação”, afirmou à agência Lusa a ministra, confrontada com a realização daquela ação.
Câmara de Lisboa repudia e condena manifestações de caráter violento, racista ou xenófobo
“Qualquer manifestação que incite o ódio não merece o meu acordo”, disse Ana Catarina Mendes.
Esta quinta-feira foi tornada pública uma carta aberta promovida por várias associações de imigrantes e antirracistas, com cerca de 6.500 subscritores, para pedir a proibição de uma manifestação “Contra a Islamização da Europa”, anunciada por grupos online de extrema-direita para Lisboa.
“Movimentos de extrema-direita estão a organizar uma ação criminosa contra os imigrantes de origem asiática, que elegeram como alvo, para o dia 3 de fevereiro, em Lisboa, na zona do Martim Moniz e Rua do Benformoso, precisamente por serem as ruas com mais imigrantes do país, sobretudo de origem islâmica, reivindicando o fim da islamização da Europa”, escrevem os autores da carta aberta que, ao final da manhã desta quinta-feira tinha cerca de 6.500 subscritores, entre os quais 173 estruturas coletivas.
“É manifesto que, nos últimos tempos, a comunidade de imigrantes em Portugal, em especial provenientes do sul da Ásia: Bangladesh, Nepal, Índia e Paquistão, tem sido objeto de uma campanha de desinformação e ódio, em especial nas redes sociais”, pode ler-se no documento.
“As ruas de Portugal são cada vez menos seguras para as pessoas imigrantes”, resumem os promotores.
Na quarta-feira, a presidente da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados salientou que qualquer manifestação que incite a xenofobia e o discurso de ódio racial deve ser proibida pelas autoridades, porque viola a legislação.
“Qualquer manifestação que incite ao ódio e à violência é uma manifestação que, obviamente, deve ser proibida”, afirmou à Lusa Cristina Borges de Pinho.