Minutos antes de subir ao court, na Rod Laver Arena, para revalidar o título do Open da Austrália, Aryna Sabalenka divertia-se com a sua equipa técnica. A experiência traz isso mesmo: descompressão. A bielorrussa atirou ao ar um elástico com o qual tinha acabado de fazer alguns exercício de aquecimento. Um dos seus treinadores, Jason Stacy, sem deixar o elástico cair e sem usar os braços, colocou-o na cabeça. Ambos partilharam um sorriso.
A vantagem de já se ter participado em duas finais de torneios do Grand Slam e de ter perdido uma e vencido outra é que nada do que se pode passar dentro do campo apanha uma tenista surpreendia. Presa nos seus próprios pensamentos, Qinwen Zheng estava mais tensa. Sabalenka acabou por vencer o jogo e tornar-se bicampeã do Open da Austrália.
“Surpreendi-me a mim própria. Nestas duas semanas, estive debaixo de pressão. Tentei ignorar isso e tentei focar-me em mim. Tentei bastante não pensar em tudo o que estava a acontecer, trabalhei duro e diria que estou surpreendida pala forma como consegui jogar”, explicou a tenista bielorrussa que se tornou na primeira mulher depois de Victoria Azarenka em 2013 a conseguir revalidar o título do Open da Austrália. Quando prestou estas declarações, Sabalenka estava mais calma e até foi desafiada por Barbara Schett-Eagle, antiga tenista que atualmente é comentadora na Eurosport, a mostrar a sua literal dança da vitória depois da jogadora de 25 anos ter assumido que ainda tinha os joelhos a tremer. “Espero não me lesionar na festa”, rematou a tenista que entrou na edição 2024 do Open da Austrália como segunda classificada no ranking mundial.
Aryna Sabalenka hits the ???????????????????????????? ???????????????????? with @Babsschett ????????#AusOpen pic.twitter.com/xgWBTQA3Ed
— Eurosport (@eurosport) January 27, 2024
Ao longo do torneio onde vingou o US Open perdido para Coco Gauff, Sabalenka encontrou uma série de esquemas para não entrar no ciclo de frustração que a consumiu no passado e que até ameaçou aparecer quando precisou de cinco match-points para fechar o encontro com Qinwen Zheng, estreante em finais de Grand Slams. No final, não faltaram os elogios à equipa técnica. “Esqueci-me de dizer: obrigado pelo que fazem por mim”, agradeceu antes de, entre risos, brincar. “Sem mim não seriam assim tão bons”.
Entre os presentes no camarote da bielorrussa estava o treinador Jason Stacy com a cabeça assinada pela jogadora. “Malta, nós gostamos de fazer coisas estranhas”, tinha já explicado Sabalenka em relação ao ato que se tornou numa espécie de superstição no Open da Austrália. “Fiz isso antes da primeira partida e, depois de vencer, disse ao Jason: ‘Bem, acho que é uma rotina agora’. Ele não está feliz com isso, mas entende”.
Aryna Sabalenka is continuing the trend of signing her fitness trainer, Jason Stacy's head before every match at the #AusOpen ????✍️ pic.twitter.com/vHSvPm8eij
— Eurosport (@eurosport) January 27, 2024
O lado descontraído de Sabalenka sobressaiu também na entrevista pós-final. “Não me conseguia imaginar a levantar este troféu de novo, é incrível, estou sem palavras… Sabia que o meu discurso ia ser estranho, este não é o meu superpoder, mas vou dar o meu melhor”. No meio das palavras desengonçadas que arrancaram várias gargalhadas às bancadas, além dos agradecimentos à equipa técnica, Sabalenka dedicou também uma mensagem às pessoas que lhe são mais próximas. “Obrigado à minha família pelo que têm feito por mim… devo continuar em inglês? Eles não percebem… Eles traduzem… São a minha maior motivação e tudo o que faço, faço-o por vocês”.