Cientistas das Universidades de Bristol, Oxford e Yale apelaram, num trabalho conjunto, para mudanças na governação global visando enfrentar o impacto “devastador” da expansão urbana nas alterações climáticas e evitar uma “catástrofe planetária”.

Num artigo publicado na revista científica Science, os investigadores consideram que a questão da urbanização não tem tido a atenção necessária, os cientistas que poderiam dar informações importantes ou sugerir soluções inovadoras não são consultados de forma sistemática e o assunto raramente é discutido nos fóruns globais de elaboração de políticas, segundo a agência noticiosa espanhola EFE.

Assim, propõem um novo sistema de aconselhamento global, que teria uma função semelhante à do Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas (IPCC) das Nações Unidas.

O “sistema de aconselhamento em Ciência Urbana” trabalharia em conjunto com a Assembleia Geral da ONU para destacar questões relevantes e colocar as informações mais recentes sobre o impacto do crescimento urbano nos radares dos líderes políticos.

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“As alterações climáticas alcançaram grande atenção global, mas há um enorme ‘ângulo morto’ quando se trata de olhar para o impacto devastador que o vasto crescimento urbano tem no planeta“, disse a autora principal do trabalho, Jessica Espey, especialista em governança internacional do desenvolvimento sustentável na Universidade de Bristol, citada no site Phys.org.

“É fundamental uma colaboração internacional muito maior para ajudar a gerir melhor o crescimento sustentável das nossas cidades e proteger os sistemas vitais da Terra, incluindo a água, o ar e a terra, dos quais todos dependemos”, adiantou.

As cidades estão a crescer a um ritmo sem precedentes e são responsáveis por cerca de três quartos das emissões de dióxido de carbono (gases com efeito de estufa).

Mais de metade (55%) da população mundial vive atualmente em cidades e esta proporção deverá aumentar para quase dois terços até 2050, de acordo com um recente Relatório Mundial das Cidades.

Além de agravarem as alterações climáticas e os problemas de qualidade do ar, as cidades também estão a remodelar os quatro principais sistemas da Terra: a hidrosfera, a atmosfera, a biosfera e a geosfera.

A eliminação de resíduos, as emissões prejudiciais da indústria e dos transportes e a expansão urbana contribuem para o declínio da biodiversidade.

Mesmo as designadas alternativas ecológicas, como as tecnologias energeticamente eficientes, a iluminação LED, por exemplo, podem ter efeitos prejudiciais, como neste caso a supressão da produção de melatonina, a hormona que regula os padrões de sono nos seres humanos e em outros organismos.

“É hora de os líderes mundiais se sentarem e perceberem que combater as alterações climáticas não é possível se não olhamos para a forma como projetamos, construímos, financiamos e gerimos as cidades em todo o mundo”, defendeu Michael Keith, diretor do Peak Urban Research Program da Universidade de Oxford, citado no site Phys.org.