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A eurodeputada da Letónia Tatjana Zdanoka terá trabalhado durante pelo menos 13 anos para o Serviço Federal de Segurança (FSB, serviços secretos) da Rússia. É o que avança uma reportagem de investigação do meio independente russo The Insider, em colaboração com o site de notícias Delfi Estonia, o centro de jornalismo de investigação Re:Baltica, da Letónia, e o jornal Expressen, da Suécia.
Tatjana Zdanoka, deputada da Letónia no Parlamento Europeu, tem estado em contacto com os serviços secretos russos desde, pelo menos, 2004, revela a reportagem publicada esta segunda-feira. As mensagens de correio eletrónico divulgadas entre Zdanoka e os seus dois agentes russos incluem relatórios explícitos e pormenorizados de Zdanoka aos seus superiores hierárquicos em que esta descreve o seu trabalho como legisladora europeia, em especial no que se refere à sua função de promover o sentimento pró-Kremlin na sua terra natal, a região do Báltico.
A correspondência inclui detalhes sobre a organização de encontros presenciais em Moscovo ou Bruxelas entre Zdanoka e o seu contacto russo, bem como pedidos de financiamento russo para as atividades políticas na Letónia e no Parlamento Europeu. Pelo menos uma vez, a deputada terá pedido dinheiro para organizar um comício para comemorar a vitória do Exército Vermelho na Segunda Guerra Mundial.
Zdanoka respondeu aos pedidos de comentário dos jornalistas sobre a história, dizendo que não se lembrava especificamente dos indivíduos em questão, incluindo os seus supostos contactos russos. “Não posso considerar este texto e perguntas que me são feitas, porque se baseiam em informações que supostamente têm e que, por definição, não deveriam ter”, contestou.
Parlamento Europeu abriu “investigações” internas
Perante as notícias, o Parlamento Europeu (PE) abriu esta segunda-feira “investigações” internas. “A presidente [do PE, Roberta Metsola] leva muito a sério estas acusações e remete o caso para a Comissão Consultiva sobre o Código de Conduta, [o que] significa que foram abertas investigações dentro do Parlamento Europeu, [e] também levará o tema à Conferência de Presidentes do Parlamento, na quarta-feira”, declarou esta terça-feira Juri Laas, porta-voz do PE, num comentário enviado ao The Insider após a publicação da reportagem.
A Aliança Livre Europeia (ALE), que no Parlamento Europeu forma grupo com os Verdes, e à qual a eurodeputada pertencia, também iniciou uma investigação interna sobre o caso. Numa nota de imprensa, a ALE recordou que Zdanoka foi membro do grupo parlamentar dos Verdes/ALE até 4 de abril de 2022, quando lhe foi pedido que o abandonasse depois de se recusar a condenar a invasão da Ucrânia ordenada pelo Presidente russo, Vladimir Putin.