Mais de 300 guardas prisionais de vários pontos do país manifestaram-se esta tarde em frente ao Estabelecimento Prisional de Custóias, em Matosinhos, no distrito do Porto, para reclamarem um “vencimento condigno e valorização profissional”.
A trajarem de preto e com t-shirts onde se lia “abandonados”, os guardas prisionais começaram o protesto a cantar o Hino Nacional e mantiveram-se depois em silêncio, até deixarem o local e se dirigirem para o centro do Porto para se juntarem à manifestação convocada pela plataforma de sindicatos da PSP e associações da GNR.
“O descontentamento é geral, união do corpo da guarda prisional está à vista. Isto é o início de um movimento apartidário, isento de sindicatos que quer lutar por melhor condições“, explicou, em declarações aos jornalistas, um dos organizadores do protesto, Fábio Silva.
Os profissionais, explicou, “sentem-se abandonados” pela tutela e pelos vários Governos: “A nossa luta vem de há muito tempo, desde 2014 e não vai aqui parar”, garantiu.
Segundo aquele guarda prisional, a prestar serviço no Estabelecimento Prisional de Custóias, estiveram junto a esta prisão reunidos guardas “de todo o país, com mais incidência da zona Norte”.
Em declarações à Lusa, um outro guarda prisional, Jorge Alves explicou que “há falta” de guardas nas prisões: “Fazemos muito e por muito pouco e temos que fazer muito porque há falta de chefes, por exemplo. Estão-me a obrigar a desempenhar funções de chefe sem receber como chefe, estão a atribuir-me competências que não são as minhas e sem a formação para as ter”.
“O corpo da guarda devia ter cerca de 4.900 homens, tem cerca de 4.000, só”, referiu.
Estes profissionais queixam-se também de baixos vencimentos e de discriminação em relação a outros profissionais: “O que inflamou este movimento foi a grande desigualdade entre os colega da Polícia Judiciária e os demais. Concordamos com o facto de eles merecerem este suplemento mas nós também merecemos, exercemos funções igualmente de elevado grau de perigosidade mas estamos a ser discriminados”, disse.
Os guardas prisionais pedem também, explicou Fábio Silva, “um sistema de avaliação de desempenho que permita uma progressão mais rápida na carreira e o aumento do salário base de modo a acompanhar o aumento do custo de vida”.
“Em 2011 um guarda em início de carreira ganhava cerca de 65% acima do salário mínimo. Hoje um guarda em início de carreira ganha cerca de 11% acima do salário mínimo. O salário mínimo cresceu, a inflação cresceu, o custo de vida cresceu mas nós ganhamos o mesmo”, exemplificou.