A Polestar tinha tudo para ser um sucesso, uma vez que podia contar com o know how da Volvo, no que respeita à concepção e produção de veículos seguros e luxuosos, bem como com a tecnologia eléctrica da Geely, que assegura acesso a plataformas avançadas para modelos a bateria, acumuladores, motores e software, tudo o que é necessário para fabricar veículos eléctricos. E a isto junta fábricas modernas e repletas de funcionários dedicados e… baratos.
Mas embora tenha tudo a seu favor, a Polestar não consegue fabricar os seus carros, apesar de momento apenas produzir o 2, e muito menos vendê-los em quantidade. Ou, pelo menos, acertar nas previsões, uma vez que falhou largamente os objectivos de 2022, repetindo a “dose” em 2023. Investir muito e vender pouco gera prejuízos e, para evitar a falência, implica que os accionistas – a Volvo e a Geely, com os chineses a controlarem igualmente a totalidade da marca sueca – tenham de cobrir as necessidades da marca, acção que também é conhecida por “tapar os buracos”.
A Volvo fartou-se, tanto mais que os maus resultados da Polestar estavam a prejudicar os seus. Daí que tenha feito saber que se estava a desfazer da sua quota no jovem construtor, passando para a Geely (e os seus bolsos fundos) as suas acções. E a prova que a receita funcionou acaba por ser confirmada pela reacção positiva dos investidores da Volvo em bolsa, uma vez que o valor dos títulos da marca sueca disparou 40% após o anúncio.
Se a Volvo encontrou uma solução rápida para o seu problema, que já se arrastava há mais de um ano, não deixa de ser estranho que a Polestar não consiga ultrapassar os problemas que a afectam. E que nada têm a ver com a qualidade dos seus veículos, pois de momento só comercializa na Europa o Polestar 2 que, nesta versão mais recente, é muito mais interessante e muito competitivo. E depois promete iniciar, em breve, as vendas do Polestar 3 e Polestar 4, eléctricos mais avançados, com plataformas específicas, capazes de elevar ainda mais a fasquia, sendo de esperar que 2024 seja o ano em que o desempenho da marca finalmente vai provar o seu valor.