O plano de negócio da Polestar está a ser revisto de uma ponta à outra, para reduzir custos e incrementar a eficiência. E o caso não é para menos: a antiga divisão responsável pelas versões mais desportivas da Volvo autonomizou-se como marca em 2017, mas desde então tem acumulado fracassos comerciais. Uma gama limitada a apenas um modelo, com a agravante de que nem o Polestar 2 “descola” nas vendas, e o atraso na introdução do Polestar 3 reflectem-se nas contas e nas perspectivas da marca premium de automóveis eléctricos, que precisa de colocar no cofre vários milhares de milhões de euros para sobreviver até 2025, ano em que finalmente deverá começar a respirar de alívio (financeiro).

A notícia é avançada pelos suecos da Mestmotor, segundo os quais a crise que assolou a Polestar obrigou a Volvo Cars a injectar 2,2 mil milhões na marca, enquanto a Geely tratou de assegurar mais 2,7 milhões, para manter a Polestar à tona. Contudo, para fazer frente aos custos de desenvolvimento dos modelos que tem pela frente, estima-se que a Polestar precise de 19 mil milhões até 2025, uma necessidade que a vai obrigar a recorrer a empréstimos e a “secar” as ineficiências que, até aqui, têm comprometido a viabilidade da empresa.

De acordo com o CEO da marca, Thomas Ingenlath, o caminho a seguir não passará por baixar o preço do Polestar 2 e, assim, conseguir impulsionar o volume de vendas deste fastback eléctrico que, apesar de recentemente ter sido alvo de melhorias, tem visto a procura cair a pique – algo que não deverá ser indiferente às movimentações da Tesla no mercado, com sucessivos cortes nos preços dos seus modelos. Ao que parece, a Polestar está mais interessada nas margens do que no volume, fixando uma margem bruta de 20% como meta a atingir dentro de dois anos.

Até 2026, a Polestar conta ter na estrada cinco modelos. Mas, por enquanto, só tem o 2 a desbravar caminho no mercado

Planos são planos e o certo é que a marca com sede em Gotemburgo, mas que produz apenas na China, tem vindo continuamente a rever em baixo as suas previsões de vendas. Os primeiros nove meses deste ano levam a crer que, para a Polestar, 2023 será um annus horribilis. Isto porque, de Janeiro a Setembro, o construtor teve um prejuízo de 8000 milhões de coroas suecas (cerca de 686 milhões de euros), o que representa perder perto de 16.300€ em cada carro vendido (190.000 SEK).

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Originalmente, a marca esperava entregar 120 mil veículos no decurso deste ano, mas o objectivo foi, entretanto, fixado para metade (entre 60.000 e 70.000). E, mesmo assim, corre o risco de não vir a concretizar-se, a não ser que haja algum “milagre” até ao fim de Dezembro. Isto porque, no acumulado dos três trimestres de 2023, a Polestar entregou um total de 41.700 veículos, dos quais 13.900 de Julho a Setembro, o que significa que no quarto e último trimestre terá de superar os resultados obtidos nos anteriores.

Em Portugal, o “esforço” para escoar o stock faz-se de duas formas. Numa visita ao site, a marca propõe “veículos com entrega antecipada”. Há 107 Polestar 2 “pré-configurados” e “novos em folha” que podem chegar ao comprador já no início de Dezembro. Por outro lado, embora continue a afirmar que prioriza as margens e que não alinha na guerra de preços, a realidade é que, até ao fim de Novembro, está em vigor, no mercado português, uma campanha que inclui a oferta de 4500€ na encomenda de “viaturas pré-configuradas Polestar 2 Model Year 2023 nas variantes Long range Single Motor, Long range Dual motor e Long range Dual motor Perfomance”.

De recordar que já era suposto o Polestar 3 estar no mercado, mas problemas relacionados com o software determinaram o atraso no lançamento, afectando igualmente o Volvo EX90. O primeiro era aguardado no Verão passado e o segundo devia ver a produção arrancar no final deste ano, mas ambos foram deslocados para 2024. Já se sabe que o Polestar 3 só vai começar a chegar aos clientes a partir do segundo trimestre de 2024, apresentando-se em duas versões de lançamento, ambas com um motor eléctrico por eixo, sinónimo de tracção integral. Na versão Long range Dual motor, o SUV eléctrico desportivo oferece 489 cv de potência e 840 Nm, indo de 0 a 100 km/h em 5 segundos. A autonomia deste modelo é de 610 km (WLTP), alcance que cai para 560 km com o pack Performance (517 cv, 910 Nm, 4,7 segundos de 0 a 100 km/h). Os preços são, respectivamente, de 94.900€ e 101.500€.

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Prestes a irromper em cena está também o Polestar 4, um SUV coupé a posicionar na gama, em termos de tamanho e de preço, entre o 2 e o 3. Com 4,839 m de comprimento, 2,139 m de largura e 1,544 m de altura, este novo modelo assente na plataforma da SEA da Geely tem quase 3 metros de distância entre eixos e reclama ser o Polestar mais rápido de sempre, cumprindo os 0-100 km/h em apenas 3,8 segundos. Será proposto com tracção traseira (272 cv e 343 Nm) e até 600 km de autonomia ou com dois motores eléctricos que entregam um total de 544 cv/686 Nm. Neste caso, a autonomia preliminar aponta para 560 km entre recargas. Os preços ainda não foram divulgados.

Na calha estão ainda mais dois modelos, o Polestar 5, um GT de quatro portas, e o Polestar 6, um roadster, ambos prometidos para antes de 2026.