Era o jogo de cartaz da jornada da Premier League e até, de forma bastante clara, o jogo de cartaz de todas as jornadas das principais ligas europeias. O Arsenal recebia o Liverpool no Emirates, num encontro entre dois dos candidatos à conquista do título, e o momento dos dois treinadores não podia ser mais distinto: de um lado, Mikel Arteta tinha jurado fidelidade depois de ser associado ao Barcelona; do outro, Jürgen Klopp já está em contagem decrescente para deixar o clube.

Este domingo, porém, nada disso estava em causa. O Arsenal defrontava o Liverpool, adversário que ainda não tinha conseguido vencer na atual temporada, com a total certeza de que era obrigatório ganhar — até porque uma eventual derrota deixava os gunners a oito pontos da liderança dos reds, já para não falar do facto de o Manchester City ter os mesmos pontos mas dois jogos a menos. Na antevisão, Arteta abordou a hipótese de o Arsenal ter perdido a “imprevisibilidade” da época passada.

“Há momentos em que consegues provocar certas coisas e outros momentos em que o comportamento do adversário dita aquilo que o jogo está a exigir e o que podes fazer. Ainda somos a equipa que atacou contra blocos mais baixos na época passada, não é nada de novo, e ainda marcamos golos de formas diferentes, como aconteceu nas últimas duas semanas. Acho que a equipa tem capacidade para dominar qualquer aspeto do jogo. Estamos a conceder menos golos do que na época passada e estamos obviamente a marcar mais. Tudo isto tem de ser notório nos resultados e esse é o desafio”, explicou o treinador espanhol.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Em sentido contrário, o Liverpool chegava ao Emirates com a confiança de quem não perdia desde dezembro, com oito vitórias nos últimos 11 jogos para todas as competições, e a garantia de que um triunfo perante o Arsenal cimentava uma liderança da Premier League que começava a ser ameaçada somente pelo Manchester City. Na antevisão, Klopp sublinhou a importância de ter posse de bola.

“Temos de ser dominantes na posse de bola. Em Londres [na Taça], foi um típico jogo fora de casa e tivemos alguns problemas aqui e ali, é verdade. O Arsenal poderia ter marcado antes de nós e isso poderia ter dado ao jogo uma direção completamente diferente, obviamente. Tento dar aos rapazes as informações certas para que possamos ser melhores e ser melhores significa estar mais no jogo e estar mais no jogo significa que temos mais chances de vencer. Se queremos estar perto do City, é melhor vencer todos os jogos, porque eles também os vencem”, atirou o técnico alemão.

O Arsenal foi melhor ao longo de toda a primeira parte e poderia ter inaugurado o marcador nos minutos iniciais, com Saka a desperdiçar uma boa oportunidade depois de uma arrancada de Gabriel Martinelli (11′). O golo, porém, não demorou muito mais: Zinchenko combinou com Odegaard e o norueguês isolou Havertz de primeira, que rematou para defesa de Alisson; na recarga, Saka não voltou a falhar (14′).

O Liverpool — onde Diogo Jota foi titular — não demonstrou grande capacidade para contrariar a superioridade do adversário, mas acabou por conseguir empatar com muita sorte à mistura mesmo à beira do intervalo. Saliba permitiu uma recuperação de Luis Díaz já na grande área, o colombiano fez um passe em esforço e a bola desviou em Gabriel Magalhães, que não evitou o autogolo (45+3′).

Arteta mexeu ao intervalo, trocando Zinchenko por Kiwior, e Klopp mal esperou pelos 10 minutos da segunda parte para lançar Darwin, Robertson e Harvey Elliott de uma vez. A pouco mais de 20 minutos do fim, o Arsenal recuperou a vantagem: Van Dijk e Alisson desentenderam-se de forma incompreensível, mesmo à entrada da grande área do Liverpool, e Gabriel Martinelli só precisou de encostar para a baliza deserta (67′).

Saka foi substituído por lesão já nos últimos 10 minutos e tudo ficou ainda mais difícil para o Liverpool após a expulsão de Konaté, que viu o segundo cartão amarelo. Já dentro do período de descontos, Trossard arrancou na esquerda e rematou cruzado para bater Alisson (90+2′), carimbando a vitória do Arsenal e deixando os gunners a dois pontos da liderança dos reds e bem dentro da corrida pelo título.