A oposição islamista malaia exigiu ao governo a proibição de um concerto de Ed Sheeran, devido ao apoio do artista a causas LGBT. O cantor está em digressão pela Ásia, e a “Mathematics Tour” (+–=÷× Tour) passa por Kuala Lumpur a 24 de fevereiro, no Estádio Nacional de Bujit Kalil, o maior do sudeste asiático.

O mufti de Penang — um jurisconsulto islâmico -— afirmou que todos os muçulmanos devem boicotar o concerto, devido à identificação de Sheeran com o movimento LGBT, e pediu ao governo que não autorize o concerto. “O governo tem a responsabilidade de prevenir o mal, como é explícito no Corão”, disse, de acordo com o malaio New Straits Times.

Em comunicado, o Partido Islâmico Malaio (PAS) recorda que o músico “está enquadrado na ideologia LGBT, que é veementemente rejeitada pela Malásia”. Por isso, e lembrando a “véspera do Ramadão”, o concerto irá “poluir a sacralidade” deste período de jejum e abstinência, pelo que o PAS exorta o governo malaio a uma tomar “uma posição firme”, aponta o Times. A posição firme defendida pelo partido, no caso, é a proibição de artistas identificados com as causas ou o movimento LGBT de atuar no país.

O governo de coligação, liderado por Anwar Ibrahim, tem endurecido as críticas e restrições em matérias sociais, nomeadamente em torno da homossexualidade — que é ilegal no país. Contudo, o ministro das Comunicações, Fahmi Fadzil, afirmou que o concerto se vai concretizar. Embora reconhecendo a legitimidade dos pedidos de proibição, relembra que a aprovação do concerto envolve 16 entidades e agências, incluindo o Jakim, o Departamemto de Desenvolvimento Islâmico. “Todas estas agências fazem uma triagem rigorosa, pelo que peço que se prossiga o processo”, afirmou, citado pelo New Straits Times.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Swatch apresenta queixa contra apreensão de relógios com bandeira LGBTI na Malásia

A discussão sobre o concerto de Ed Sheeran surge na sequência de uma outra polémica com artistas estrangeiros na Malásia.

Em 2023, um concerto dos The 1975 foi interrompido devido a críticas do vocalista do grupo às políticas do país, que, em palco, deu um beijo na boca do baterista. O grupo foi banido da Malásia devido à “cena indecente” e “tragédia nojenta”, como a descreveu a oposição no apelo à proibição do concerto do músico britânico.

De forma a prevenir situações semelhantes, o governo instruiu os promotores para ter um “kill switch”, um botão que corte a eletricidade, em eventos com artistas internacionais, explica o Times.