A magia da Ferrari sempre se baseou em juntar chassis eficientes, leves e ágeis, a mecânicas sofisticadas para serem simultaneamente potentes e leves, uma vez que o peso é o maior inimigo de qualquer superdesportivo. E, para conseguir este cocktail vencedor, os engenheiros italianos sempre recorreram às mais avançadas tecnologias, mas somente quando elas já estavam suficientemente maduras, para obter as vantagens, mas não os problemas de juventude.

Isto explica que, apesar de ser o farol dos modelos mais rápidos e divertidos de pilotar, a Ferrari tenha montado o primeiro motor sobrealimentado em 1982, no caso o GTB Turbo, para o primeiro modelo electrificado surgir apenas em 2013. Referimo-nos ao impressionante Ferrari LaFerrari, um full hybrid com o 6.3 V12 atmosférico a fornecer 800 cv, a que se juntavam 163 cv do motor eléctrico alimentado por uma pequena bateria não recarregável, para totalizar 963 cv, o que lhe permitia atingir 350 km/h e anunciar 0-100 km/h em somente 3 segundos.

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Em 2023, ano em que o construtor do Cavallino Rampante transaccionou 13.663 unidades (um novo recorde para a marca italiana) com uma gama composta por quatro modelos equipados com mecânicas híbridas plug-in (PHEV) e seis modelos equipados exclusivamente com motores de combustão, a Ferrari vendeu quase metade de veículos PHEV, mais precisamente 44%, o que demonstra que os clientes estão a afastar-se cada vez mais de propostas estritamente com motores a combustão, uma vez que a procura por PHEV duplicou em comparação com 2022.

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A mais recente novidade da marca transalpina é o crossover Purosangue, uma espécie de SUV, mas menos volumoso para ser mais ágil, com a Ferrari a reiterar a decisão de limitar o seu volume de vendas a apenas 20%, o que não só lhe permite praticar preços mais elevados– a procura por este modelo é facilmente superior a 50% –, como impede a deterioração da imagem do construtor, como fabricante de desportivos. A Ferrari parece ter aproveitado a lição proporcionada pela Porsche, marca que se nunca se aproximou do nível da Ferrari e Lamborghini, a realidade é que sempre teve uma excelente reputação baseada em desportivos mais acessíveis do que estes “monstros” italianos, mas muito eficientes e rápidos. Hoje produz mais de 60% de SUV, o que colide com a imagem de um fabricante de desportivos, tradicionalmente rápidos e eficazes.

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Além destes PHEV que estão a permitir à Ferrari crescer e que se tornaram na espinha dorsal das vendas, a marca está a desenvolver igualmente o seu modelo 100% eléctrico, mas também aqui, e mais uma vez, os italianos parecem ter aprendido com a história da recente da Porsche. Daí que tenham de garantir que o Ferrari a bateria não será ultrapassado por um qualquer modelo eléctrico, de um construtor com menos pergaminhos nesta matéria, como por exemplo aconteceu com o Porsche Taycan face ao Tesla Model S Plaid e ao Lucid Air Sapphire.