Milhares de agricultores continuam a manifestar-se, esta quarta-feira, pelo segundo dia consecutivo, em várias regiões de Espanha, mantendo cortadas estradas e autoestradas, assim como o acesso a centros logísticos, como o porto de Málaga, no sul do país.
Na Catalunha, nordeste de Espanha, na fronteira com França, os agricultores mantiveram cortadas diversas vias durante toda a noite e iniciaram de manhã marchas lentas com tratores em direção ao centro de Barcelona, a segunda maior cidade espanhola.
Protestos de agricultores bloqueiam estradas e portos em várias regiões de Espanha
Mantêm-se grandes vias cortadas também nas regiões da Comunidade Valenciana, Castela La Mancha, Andaluzia, Aragão e Múrcia.
Não há, até agora, registo de bloqueios de estradas de ligação a Portugal.
Milhares de agricultores estão desde terça-feira em protesto por todo território de Espanha, com tratores e outros veículos a bloquear estradas e autoestradas e o acesso a centros logísticos, portos e cidades.
Na última semana já tinha havido manifestações de agricultores espanhóis, em linha com os protestos do setor noutros países europeus e que têm como alvo principal e comum as políticas da União Europeia (UE). No entanto, o número e extensão das manifestações nunca tinham tido a dimensão que alcançaram na terça-feira.
Estes protestos não foram, na sua maioria, comunicados às autoridades ou autorizados pelas entidades competentes e ocorrem à margem da organização das grandes confederações agrícolas de Espanha, que também anunciaram manifestações para os próximos dias e semanas.
Os agricultores europeus, incluindo em Portugal, saíram à rua nas últimas semanas para exigir a flexibilização da Política Agrícola Comum (PAC) da União Europeia e mais apoios para o setor.
Após uma reunião na sexta-feira com as grandes organizações agrícolas espanholas, o ministro da Agricultura de Espanha, Luis Planas, garantiu que o governo de Madrid só apoiará mudanças na PAC que estejam “em linha” com os interesses dos agricultores espanhóis.
Luis Planas considerou também que Bruxelas, com os anúncios da semana passada, “está a chegar muito tarde” e que avançou com uma proposta “muito ajustada às necessidades” do país que a reivindicou, numa alusão a França.
A Comissão Europeia vai preparar uma proposta para a redução de encargos administrativos dos agricultores, que será debatida pelos 27 Estados-membros em 26 de fevereiro.
Por outro lado, na terça-feira, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, anunciou a retirada da proposta da instituição visando reduzir para metade o uso de pesticidas na agricultura até 2030, parte central da legislação ambiental europeia, que é também um dos alvos dos protestos dos agricultores.