Desde o início da “Operação Pretoriano”, André Villas-Boas teve apenas um momento de “aparição” pública no âmbito da campanha eleitoral. O antigo treinador e agora candidato à liderança do FC Porto foi a Fiães ver a 19.ª vitória consecutiva no Campeonato do voleibol feminino e esteve esta quarta-feira no Dragão Arena a assistir ao triunfo do basquetebol masculino diante dos alemães do BG Gottingen que valeu o apuramento para os quartos da FIBA Europe Cup mas foi no domingo de manhã, na sua sede com os antigos campeões europeus Jorge Costa, Maniche e Nuno Valente, que teve “o” espaço. Aí, preferiu não falar. Agora, à margem da apresentação de José Pedro Pereira da Costa como CFO da sua lista, e já com as medidas de coação para os 12 detidos conhecidas, não só abordou o assunto como deixou duas “farpas” a Pinto da Costa.

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“O dia 13 de novembro fica marcado como um dia negro na história do FC Porto. Ficou evidente aos olhos de todos que um número muito elevado de associados foi coagido e um número de associados foi evidentemente agredido. Felizmente, graças à ação do Ministério Público e não à ação do Conselho Fiscal e Disciplinar do FC Porto conseguiram-se identificar potencialmente outros agressores, que não aqueles que o Conselho Fiscal e Disciplinar não identificou”, começou por comentar a esse propósito Villas-Boas.

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“Um grande abraço a todos os portistas presentes e um grande abraço a todos aqueles que foram coagidos e agredidos nesse dia. Que a justiça faça o seu trabalho e que o Ministério Público impute os factos aos suspeitos. Não queria alongar-me mais sobre esse assunto. No dia 27 de dezembro prestei os meus depoimentos sobre a Assembleia Geral e sobre as agressões ao meu zelador e a partir daí deixei a Justiça fazer o seu trabalho”, acrescentou, numa “resposta” à solidariedade que Pinto da Costa tinha manifestado a Fernando Madureira, líder da claque Super Dragões, no dia da apresentação pública da recandidatura.

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Em paralelo, o antigo treinador mostrou também a sua compreensão pela presença de Sérgio Conceição no Coliseu do Porto para dar um abraço ao líder dos azuis e brancos, ao mesmo tempo que voltou a falar da questão do “medo” de alguns que terão ido à apresentação por possíveis represálias. “Somos todos portistas e cada associado do FC Porto deve sentir-se livre nas suas expressões democráticas, sejam elas quais forem. Foi isso que entendi naquele abraço. Aquele abraço entendi-o como um abraço de dois amigos, fraterno e não vinculativo, se é que posso dizer assim”, destacou André Villas-Boas. “Todos os funcionários associados do FC Porto devem expressar-se livremente no apoio das candidaturas. Sei de muitos funcionários do FC Porto que não quiseram marcar presença no lançamento da candidatura de Pinto da Costa e sei de muitos funcionários que se sentiram na obrigação de ir, com medo de algumas represálias e de manutenção do posto de trabalho. Eu não tenho problemas nenhuns… “, acrescentou sobre o tema.

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“Todo o eleitorado faz a diferença no dia das eleições. Olhando para a nossa candidatura, para a massa silenciosa que se mexe, é importante materializar o voto. As mais votadas de sempre foram as de 1988, em que votaram 16 ou 18 mil associados, gostava muito que esse número fosse ultrapassado. E para isso o apoio a esta candidatura tem de se materializar”, afirmou. De recordar que o último sufrágio em 2020, que elegeu Pinto da Costa com cerca de 68% dos votos em dois dias face às medidas relativas à Covid-19 que estavam em vigor e tornaram a votação “diferente”, teve um total de 8.480 associados a exercerem o voto.

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De referir ainda que o dia ficou também marcado por mais um incidente junto da sede de André Villas-Boas, na Rua de Agramonte, com os cabos da internet do espaço a serem cortados antes da apresentação do CFO da lista, José Pedro Pereira da Costa. O problema foi reparado ainda a tempo da passagem em streaming da cerimónia mas a lista do antigo treinador vai agora apresentar queixa junto das autoridades.

Mais tarde, e num outro capítulo do dia na pré-campanha eleitoral do FC Porto, o movimento Todos pelo FC Porto de Pinto da Costa reagiu através da rede X à escolha de Pereira da Costa, recordando alguns episódios que teve antes com o clube. “É um nome desconhecido para a generalidade dos portistas mas quem conhece os meandros dos negócios que envolvem o futebol sabe bem de quem se trata e que interesses representa.  Esteve por trás de uma providência cautelar contra o FC Porto em 2016, quando o clube assinou com a MEO um contrato superior a 450 milhões de euros. Foi administrador da Sport TV e um dos principais nomes da Olivedesportos. Não consta que alguma vez se tenha insurgido contra o tratamento dedicado ao FC Porto num canal cada vez mais alinhado com os objetivos dos maiores clubes de Lisboa”, comentou.