Está no ponto 67 do programa eleitoral do Chega. O partido de André Ventura compromete-se a “reconhecer aos membros das Forças de Segurança o direito à filiação partidária, bem como o direito à greve”.
Luís Marques Mendes e Paulo Portas, nos habituais comentários de domingo, atacam o Chega por esta promessa às forças de segurança, ou seja, PSP e GNR. Irresponsável, leviana, irrazoável, loucura, perigosa, tiro no pé foram alguns dos comentários dos dois ex-governantes.
Marques Mendes, na SIC, até lembrou que André Ventura, na apresentação do programa (que não teve direito a perguntas dos jornalistas), não falou da proposta. E não foi brando para André Ventura. “Até fiquei de cabelos em pé. Uma força de direita a defender o direito à greve não imaginava. Além de uma surpresa, é uma completa irresponsabilidade”.
A possibilidade de filiação partidária “é uma leviandade” já que levará “a menos confiança nas polícias”, questionando “a sua isenção e imparcialidade. O tiro no pé é enorme”.
Paulo Portas, na TVI, também reforça nas palavras duras recordando que a GNR é uma força de segurança militar. “Ora não é possível em nenhuma circunstância o direito greve nem filiação, a menos que o país tenha ensandecido. Então que faria o Exército, as Forças Aéreas e a Marinha?”. Na mesma linha de pensamento, Marques Mendes fala em leviandade ainda maior no caso da GNR. “Como a GNR tem o estatuto de força militar, consagrar o direito à greve aos militares da GNR é abrir o precedente para dentro das Forças Armadas”.
Os portugueses, diz Paulo Portas, ex-ministro da Defesa, “gostam de liberdade e não gostam de desordem e muito menos desordem dentro das forças que têm de manter a ordem. Consegue imaginar dentro da polícia ou da guarda, secções dos partidos? Então a unidade da disciplina e da hierarquia?”, dizendo mesmo que poderia conduzir à criação de milícias que obedecem a outros princípios e instruções.
Marques Mendes considera, ainda, que esta medida de possibilitar filiação partidária e direito à greve “é um convite ao aumento da criminalidade em Portugal e ao aumento da insegurança pública. As populações ficam desprotegidas e intranquilas. Os criminosos não fazem greve nem ficam à espera que a greve dos polícias termine”. E realça que esta é uma medida inserida numa área do programa do Chega que proclama pretende “tornar Portugal seguro”. “Desta forma?”, questiona Marques Mendes, ex-líder do PSD.
Em jeito de conclusão, Marques Mendes fala em “contradição, ligeireza, irresponsabilidade” e deixa o repto de se perguntar aos líderes do PS e do PSD o que pensam sobre isto.