O Partido Popular de Espanha (PP, direita) considerou que as eleições regionais de domingo na Galiza, que venceu com maioria absoluta, são “uma lição” para o primeiro-ministro, o socialista Pedro Sánchez, por “alimentar o independentismo”.

“A Galiza encarregou-se de enviar a primeira mensagem deste novo ciclo eleitoral“, disse a ‘número dois’ do PP, Cuca Gamarra, numa declaração em Madrid depois de se conhecerem os resultados das eleições galegas.

O PP conseguiu a quinta maioria absoluta consecutiva na Galiza, onde venceu sempre as eleições regionais e liderou o governo autonómico (conhecido como Xunta) em 36 dos 42 anos de autonomia.

Para a dirigente do PP, a nova maioria absoluta do partido e o “pior resultado de sempre” dos socialistas na Galiza são a prova de que a política de Sánchez “conta com a rejeição da sociedade espanhola”.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Cuca Gamarra acusou o primeiro-ministro e líder do partido socialista espanhol (PSOE) de “alimentar o independentismo” só para tentar tirar o PP do poder na Galiza, numa referência ao Bloco Nacionalista Galego (BNG, esquerda).

O BNG foi o segundo partido mais votado e aspirava a liderar o governo regional numa coligação com os socialistas, num acordo pós-eleitoral que as duas formações assumiam fazer, caso o PP perdesse a maioria absoluta, como algumas sondagens durante a campanha sugeriam que poderia acontecer.

Por outro lado, estas eleições foram as primeiras em Espanha depois das legislativas nacionais de julho de 2023, em que o PP foi o mais votado, mas não conseguiu formar governo, por causa de alianças de Pedro Sánchez com partidos nacionalistas e independentistas, que o reconduziram como primeiro-ministro em troca de uma lei de amnistia para dirigentes separatistas da Catalunha.

Feijóo garante que fará “tudo” para travar a lei da amnistia e diz que investidura de Sánchez foi uma “moção de censura às urnas”

“Este é um grande dia para este país. Espanha tinha muito em jogo na Galiza”, defendeu, no domingo, Cuca Gamarra.

Pedro Sánchez, numa mensagem na rede social X, deu os parabéns ao candidato do PP, Alfonso Rueda, e manifestou apoio ao candidato socialista, José Gomez Besteiro.

Numa declaração aos jornalistas em Madrid, a porta-voz do PSOE, Esther Peña, afirmou que “apesar de a esquerda crescer e de a direita retroceder, não foi suficiente para a mudança” na Galiza e “não foi um bom resultado”.

Apesar da vitória, o PP perdeu terreno em relação às eleições anteriores e passou de 42 deputados para 40 no parlamento regional (são precisos pelo menos 38 para a maioria absoluta).

O BNG consolidou-se como segundo maior partido na Galiza, ao passar de 19 para 25 deputados e superar os 31% de votos, o melhor resultado de sempre dos nacionalistas.

Já os socialistas (PSdaG-PSOE) perderam votos e deputados, prejudicados pela concentração de voto à esquerda no BNG, e tiveram, no domingo, o pior resultado de sempre em eleições regionais galegas.

O PSdeG-PSOE passou de 14 para nove deputados e alcançou cerca de 14% dos votos.

O parlamento galego tinha até agora apenas estes três partidos representados, mas vai ter um quarto após estas eleições, um deputado da Democracia Ourensana, que governa na província e município de Ourense, onde tem acordos de governo com o PP.

O PP candidatou nestas eleições Alfonso Rueda, que assumiu a presidência da Xunta em 2022, quando Alberto Núñez Feijóo, a cara das quatro maiorias absolutas anteriores na Galiza, passou a líder nacional do partido.

Espanha. Vox corta relações com PP

Rueda pediu, no domingo, à oposição, no discurso da vitória, um trabalho em conjunto a partir de agora, considerando que venceu a Galiza “sem tensões, nem disputas, nem problemas”.

Ana Pontón, do BNG, admitiu alguma “deceção”, apesar do “resultado extraordinário” do partido, por ter sido insuficiente para “abrir um tempo novo” na Galiza.

A Galiza, na fronteira com o norte de Portugal, votou, no domingo, numas eleições autonómicas que tiveram uma participação de 67,30%, a maior desde 2009 e um aumento de 18,34 pontos percentuais em relação às anteriores, de 2020, que se realizaram em pandemia e ficaram marcadas pela abstenção de mais de metade dos eleitores.