O escritor australiano de origem chinesa Yang Jun não vai recorrer da pena de morte suspensa a que foi condenado por um tribunal de Pequim, anunciou esta quarta-feira a família, denunciando um sistema judicial desumano.
O romancista e blogger, defensor da democratização da China, foi considerado “culpado de espionagem” pelo tribunal no início de fevereiro, uma acusação que nega.
Autor australiano Yang Jun condenado a pena de morte suspensa na China
A pena foi suspensa por dois anos. Na China, uma pena de morte suspensa é geralmente comutada para prisão perpétua após dois anos de prisão.
Nascido em 1965, este pai de dois filhos, com saúde fragilizada devido a um quisto num dos rins, disse à família que está sem forças para lutar contra as acusações de que é alvo.
“A apresentação de um recurso só iria atrasar a possibilidade de ele receber cuidados médicos adequados e supervisionados, após cinco anos de tratamento desumano e de uma falta abjeta de cuidados médicos”, declarou a família em comunicado.
“A deterioração do estado físico” de Yang não “lhe permite suportar mais dificuldades” em termos judiciais, acrescentou a nota.
A família do autor declarou que vai procurar tratamento médico para o “grave problema renal”.
Esta condenação pode vir a agravar ainda mais as relações entre a Austrália e a China, que se tinham deteriorado desde o ano passado.
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“Continuaremos a defender os interesses e o bem-estar do Dr. Yang e a prestar-lhe assistência consular”, declarou esta quarta-feira em comunicado a ministra dos Negócios Estrangeiros australiana, Penny Wong.
“Louvo a força demonstrada pela família e amigos durante este período”, acrescentou.
Também conhecido pelo pseudónimo Yang Hengjun, o escritor tornou-se cidadão australiano em 2002.
O antigo diplomata chinês foi detido durante uma visita à China em janeiro de 2019, quando vivia nos Estados Unidos.