A Justiça norte-americana rejeitou esta quarta-feira que as suas acusações contra Julian Assange sejam de natureza política, argumentando que a atividade que o australiano desenvolveu à frente do portal WikiLeaks não pode ser comparada à dos jornalistas de investigação.

Aadvogada Clair Dobbin, representante da Justiça dos Estados Unidos, afirmou esta quarta-feira perante o Tribunal Superior de Londres que a defesa “descreve erroneamente” as acusações contra o Assange, que na realidade são “delitos criminais baseados em provas”.

Dobbin afirmou que Assange é procurado por conspirar com o ex-soldado norte-americano Bradley Manning (agora Chelsea Manning) para obter informações militares confidenciais e posteriormente divulgá-las ao público, colocando em perigo “numerosos informadores inocentes dos Estados Unidos” em países como Iraque, Afeganistão, China, Irão ou Síria.

A advogada norte-americana sublinhou que é incorreto quando a defesa tenta comparar o arguido — que tentou entre 2009 e 2015, segunda Clair Dobbin, recrutar piratas informáticos para o seu portal — com “um jornalista ou editor comum” que utiliza fontes para as suas notícias.

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“O WikiLeaks solicitou explicitamente material e informações confidenciais. Ele encorajou outros a pirataria e produziu uma lista de ‘fugas mais procuradas’. Isso vai muito além dos atos de um jornalista a recolher informações”, alegou a jurista norte-americana. A advogada disse ainda que são infundados os argumentos da defesa que o seu cliente não terá um julgamento justo nos Estados Unidos ou de que as acusações violam a sua liberdade de expressão.

O tribunal começou na terça-feira a avaliar a possibilidade de o fundador do WikiLeaks, Julian Assange, recorrer do pedido de extradição para os Estados Unidos, onde é judicialmente perseguido pela divulgação maciça de documentos confidenciais.

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Dois magistrados do Tribunal Superior (High Court) vão rever a decisão anterior, contrária ao recurso e tomada por um único juiz a 6 de junho de 2023, e deliberar sobre se Julian Assange pode recorrer.

A decisão poderá ser conhecida ainda na quinta-feira, remetida para mais tarde ou os juízes poderão marcar uma nova audiência para ouvir mais argumentos. Se o pedido for recusado, estarão esgotadas todas as vias legais no sistema judicial britânico e Assange será extraditado para os Estados Unidos da América (EUA), ou então poderá recorrer ao Tribunal Europeu dos Direitos Humanos.

Tribunal de Londres avalia pedido de recurso contra extradição de Assange para EUA

O australiano de 53 anos é acusado pelas autoridades norte-americanas de ter publicado mais de 700 mil documentos confidenciais sobre as atividades militares e diplomáticas dos EUA, nomeadamente no Iraque e no Afeganistão, a partir de 2010.

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Detido pela polícia britânica em 2019, depois de sete anos exilado na embaixada do Equador em Londres para evitar a extradição para a Suécia por acusações de agressão sexual, está encarcerado há cinco anos na prisão de alta segurança de Belmarsh, no leste de Londres.

O Governo britânico aprovou a extradição em junho de 2022, mas Julian Assange recorreu. Caso a extradição se confirme, Assange está sujeito a um máximo de 175 anos de prisão nos EUA.