A guerrilha de extrema-esquerda Exército de Libertação Nacional (ELN) suspendeu as conversações de paz e acusou o governo da Colômbia de violar os termos da trégua que está a ser discutida há 15 meses.

“As discussões entre o ELN e o governo Nacional estão a entrar numa fase de congelamento até que o governo esteja disposto a respeitar os seus compromissos”, afirmou a liderança da guerrilha, num comunicado datado de segunda-feira.

O ELN disse que “o governo colombiano, através do Comissário para a Paz, das Forças Armadas e da Polícia, tem levado a cabo ações que violam o acordo” e menciona expressamente os diálogos regionais no departamento de Nariño, no sudoeste do país.

Governo colombiano acusa guerrilha do ELN de ser desleal ao processo de paz

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A guerrilha sublinhou que o diálogo em Nariño está “fora do processo nacional de participação da sociedade”, que conta com a presença da ONU e da Conferência Episcopal Colombiana.

O anúncio surge uma semana depois de o ELN ter suspendido, a 14 de fevereiro a “greve armada”, imposta no oeste da Colômbia, depois de ser acusado de violar a trégua negociada no âmbito das conversações de paz em curso com o governo.

Dois dos principais atores das negociações de paz, o Comissário para a Paz, Otty Patiño, responsável pelas conversações em nome do governo de Gustavo Petro, desde outubro, e a Igreja Católica, acusaram o ELN de não respeitar os termos da trégua.

O ELN tinha imposto esta “greve armada por tempo indeterminado” a 10 de fevereiro, proibindo qualquer atividade e movimento nas zonas que controlava no departamento de Choco. A medida era alegadamente para “preservar a vida e a integridade da população não combatente”, devido à suposta presença na região de grupos paramilitares de extrema-direita, “com a complacência das forças públicas”.

Esta “greve armada”, convocada apesar do cessar-fogo bilateral em vigor desde agosto, obrigou milhares de agricultores a ficar em casa.

Eleito em 2022 como o primeiro Presidente de esquerda na história do país, Gustavo Petro está a tentar implementar uma política ambiciosa de “paz total” para pôr um fim definitivo à violência que dilacerou a Colômbia durante mais de meio século.

Petro iniciou conversações com as duas principais fações de dissidentes das FARC, com o ELN e com grupos paramilitares e narcotraficantes.

No entanto, esta política deparou-se com numerosos obstáculos e foi duramente criticada pela oposição, enquanto estes grupos armados, ligados ao tráfico de droga, intensificaram esforços para aumentar a influência territorial.

Um relatório dos serviços secretos afirma que o ELN tinha aproveitado as negociações para “ganhar tempo” e “reforçar as capacidades militares”, enquanto o “envolvimento em atividades ilegais, como o tráfico de droga e a extorsão, aumentou para obter fundos para financiar as operações”, de acordo com o documento divulgado na terça-feira pela imprensa colombiana.