O cadáver encontrado esta segunda-feira de manhã, em avançado estado de decomposição, numa mata próxima do Hospital de São Francisco Xavier, em Lisboa, é de Avelina Ferreira. A informação foi anunciada por um grupo de amigos da idosa desaparecida desde 12 de dezembro e confirmada ao Observador por fonte próxima da família.
Em comunicado, o grupo, que organizou várias buscas e vigílias para relembrar a idosa, que tinha sido diagnosticada com Alzheimer, confirmou, “com o coração bem apertado”, que o corpo correspondia ao de Avelina Ferreira.
“A dor é enorme, mas foi o desfecho de que a família – e todos nós, de certa forma – precisava”, continuou o grupo, numa publicação no Instagram. “Agradecemos o enorme carinho, apoio e solidariedade de toda a comunidade que se mobilizou em torno deste caso.”
“Infelizmente, a nossa Avelina não voltará a casa, mas as nossas assinaturas não serão em vão. Vamos lutar para que não haja mais Avelinas e levar a petição ao Parlamento”, garantiu ainda, referindo-se à petição pública que circulou, antes da notícia desta segunda-feira.
O advogado da família revelou à SIC Notícias que recebeu a confirmação através de uma “chamada feita pelo inspetor da Polícia Judiciária encarregue do assunto” à filha da idosa, Susana Ferreira. “Fez-lhe perguntas relativamente a coisas usadas pela senhora. Aquilo que foi determinante do ponto de vista do reconhecimento foi a aliança que a senhora usava“, disse João Medeiros.
O Observador sabe também que o cadáver foi encontrado por um cão, que estava a ser passeado no local. O cão arraçado de dogue alemão estava a passear sem trela e rastreou o cheiro. Quando a pessoa do serviço que o levava se apercebeu, este estava junto ao corpo. Foi essa que contactou imediatamente a polícia.
Segundo fonte da PSP confirmou ao Observador, o corpo estava num estado tão avançado de decomposição que não foi possível logo reconhecer o seu género, tendo só horas depois sido confirmado que se tratava de uma mulher.
O corpo foi entregue ao Instituto de Medicina Legal e a Polícia Judiciária esteve no local a fazer as diligências necessárias.
Ao Observador, fonte do oficial da Unidade Local de Saúde de Lisboa Ocidental avançou, por volta das 12 horas de segunda-feira, que o hospital São Francisco Xavier não tinha ainda recebido nenhum contacto oficial por parte das autoridades e que por isso não se vai pronunciar sobre o caso.
Em dezembro de 2023, Avelina Ferreira, de 73 anos, desapareceu do hospital, após ter dado entrada, no seguimento de uma chamada do marido para o INEM. “Ela tinha desmaiado de manhã e novamente à hora de almoço, e o meu pai começou a achar que podia ser grave”, contou, na altura, ao Observador a filha, Susana Ferreira.
A idosa, que foi diagnosticada com a doença de Alzheimer, entrou no hospital com o marido, que repetiu “três vezes” que esta “sofria de demência”, devendo por isso estar acompanhada enquanto esperava pelo acompanhamento médico.
No entanto, como a mulher estava inconsciente, pediram para o marido aguardar na sala de espera, com a promessa de que iam “dando notícias”. Essas foram chegando, tendo a equipa médica alertado que a idosa tinha voltado inconsciente e que até a tinham colocado numa “poltrona reclinável”, porque precisavam da maca.
Ao fim de algum tempo, a idosa terá pedido para ir à casa de banho. Não uma, mas duas vezes. “Disseram que não podia ir, pois não havia ninguém para ir com ela. Então, foi sozinha.” O que terá acontecido depois, assume a filha, Susana, é que Avelina tentou regressar ao local onde se encontrava e, não sabendo o caminho, acabou por sair do hospital e rumar a casa.
Durante três horas, ninguém deu pela sua falta. Só às 21h30, quando começava o horário das visitas e o marido foi perguntar por ela, é que os funcionários o encaminharam à sala onde Avelina alegadamente se encontrava. “O meu pai entrou e disse que ela não estava lá“, recordou Susana.
Enquanto Avelina esteve desaparecida, Susana, que é diretora de marketing da faculdade Nova School of Business and Economics (Nova SBE), em Carcavelos, e algumas colegas organizaram diversas vigílias à sua procura, tendo passado por vários locais onde esta alegadamente tinha sido vista, nomeadamente em Algés e no Passeio Marítimo de Algés.
A PSP chegou mesmo a fazer buscas com cães pisteiros nas imediações do hospital, mas nada encontrou.
Notícia atualizada às 8h00 de 27 de fevereiro de 2024