Nada está definido mas as contas não estão propriamente fáceis. Com mais um deslize em Barcelos frente ao Gil Vicente, que conseguiu empatar no quarto minuto de descontos, o FC Porto voltou a perder terreno para o primeiro lugar na antecâmara de um clássico no Dragão com o Benfica. Mais: a diferença em relação ao segundo lugar, que está nesta altura na posse do Sporting e que confere entrada na terceira pré-eliminatória da Liga dos Campeões, também é grande. Por tudo isso, e no atual contexto financeiro, os azuis e brancos não têm um final de época fácil pela frente apesar do recente sucesso com o Arsenal na Champions. Antes dessa igualdade que pode ter peso naquilo que são as contas portistas a breve e médio prazo, André Villas-Boas, antigo treinador e candidato à liderança do clube, esteve na Casa do FC Porto de Ponte da Barca e abordou essa vertente económica, aproveitando para deixar algumas “farpas” a Pinto da Costa.

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“O portal da transparência não é mais do que um comunicado à CMVM, o FC Porto é uma empresa cotada em bolsa. Ainda recentemente tivemos a apresentação do Relatório e Contas por parte da equipa de gestão financeira mas não saiu ainda o Relatório e Contas, algo totalmente fora do normal e totalmente fora de qualquer ética e transparência para uma empresa cotada em bolsa. O FC Porto continua a surpreender-nos nesse sentido e continua a tratar os associados como se fossem incompetentes. Ou seja, se há apresentação de Relatório e Contas, tem de haver divulgação para que todos percebam e entendam o que se passa no interior do grupo. O portal da transparência foi anunciado aos sócios com essa preocupação”, apontou o candidato numa sessão com cerca de 150 pessoas onde foi procurando responder a todas as questões.

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“Não temos nada a esconder, todas as decisões estruturantes, sejam elas do ponto de vista negocial, de contratação de jogadores, do crescimento do grupo, têm que ser imediatamente anunciadas no portal da transparência, com o que as pessoas lucram, com os intermediários que às vezes estão no caminho, quem são, onde vai parar o dinheiro, são coisas que normalmente fazem parte de qualquer empresa que deseja e quer ser transparente. Às vezes, dá-me a sensação de que no FC Porto se esquecem que o FC Porto é dos seus sócios, não é de uma família específica, não é de uma pessoa específica, não é o quintal de ninguém. O FC Porto é dos sócios, deve servir os sócios e será sempre dos sócios. Essa é a nossa grande mais-valia”, referiu ainda a esse propósito, numa parte que mereceu muitos aplausos por parte dos presentes.

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“Só um modelo criterioso e rigoroso de gestão nos permitirá chegar ao que queremos. É fundamental ganhar imediatamente, tornar o FC Porto campeão, e temos de ser rigorosos e criteriosos nas escolhas. Prevemos três mandatos para atingir a estabilização financeira. Nos últimos 20 anos ganhámos todos os troféus, mas o nosso tipo de expansão não permitiu crescer muito a nível social no País: 88% dos sócios do FC Porto são das regiões de Porto, Braga, Aveiro… Isso é muito curto, a centro e sul não há praticamente associativismo do FC Porto, a centro e sul resistem os bravos e os que têm grande identificação com o FC Porto”, destacou ainda nesse plano, colocando esse hiato de 12 anos até encontrar uma realidade diferente.

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Em paralelo, e sem referir nunca diretamente o nome de Pinto da Costa, Villas-Boas aproveitou o momento para responder às criticas apontadas pelo atual líder no anúncio da sua recandidatura. “Há candidatos que pensam que vou vender o FC Porto a árabes e príncipes. Era o que mais faltava, não passa de uma rábula que alguns candidatos querem inventar. Quem vende neste momento parte do coração do clube é a atual administração do FC Porto. Não temos nenhuma intenção de vender o FC Porto mas sejamos claros: o FC Porto tem um passivo acima de 500 milhões de euros, nesta fase não é dono do seu destino. Temos grandes desafios pela frente na parte financeira”, realçou de novo sobre a situação financeira.

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Por fim, e também perante mais uma pergunta vinda da plateia, o antigo técnico dos azuis e brancos passou ao lado do futuro de Sérgio Conceição mas explicando o porquê dessa posição esta fase da temporada. “Há perguntas que são delicadas o suficiente, não podem ser respondidas. O nosso objetivo é sentarmo-nos com a equipa técnica porque bem merece. Está uma época a correr e numa fase absolutamente fundamental, se pensarmos que há um FC Porto-Sporting a 28 de abril e a tomada de posse dá-se até 15 dias depois do ato eleitoral, são alturas decisivas, No ano passado perguntei porque é que um treinador que foi tricampeão nacional não tinha já renovado e estaria a ser deixado para o último ano a sua possível continuidade… O nosso objetivo é perceber neste momento quais são as preocupações do treinador, quais as suas ambições, o que deseja fazer no futuro e perceber as suas intenções”, destacou Villas-Boas.