A mineração ilegal devastou 1.410 hectares nas terras indígenas da Amazónia brasileira onde vivem os povos Kayapó, Munduruku e Yanomami, o equivalente a quatro campos de futebol por dia, segundo um levantamento divulgado esta segunda-feira pela Greenpeace.
O levantamento realizado por satélites pela organização não-governamental indicou que os esforços de combate e fiscalização realizados pelo governo brasileiro para conter a mineração ilegal na maior floresta tropical do planeta estão a ser insuficientes.
O Greenpeace informou que as terras indígenas dos Kayapó, Munduruku e Yanomami, respetivamente, são as mais afetadas pela expansão da mineração ilegal. Segundo um estudo do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), esses três territórios concentram 95% da mineração ilegal em terras indígenas da Amazónia brasileira.
A mineração em território indígena é ilegal e proibida no país por lei. No entanto, desde 2018 as invasões nessas áreas tornaram-se mais frequentes e foram, inclusive, defendidas como alternativa económica por lideranças como a do ex-Presidente Jair Bolsonaro.
No total, a mineração ilegal já devastou mais de 26 mil hectares dos territórios reconhecidos oficialmente como áreas destinadas aos povos Kayapó, Munduruku e Yanomami.
“Cada hora que passa com mineradores ilegais dentro dos territórios indígenas significa mais pessoas ameaçadas, uma porção de rio destruído e mais biodiversidade perdida. Precisamos, para já, de uma Amazónia livre da mineração”, afirmou num comunicado o porta-voz do Greenpeace Brasil, Jorge Eduardo Dantas.
Segundo a ONG, a pior situação acontece no território Kayapó, onde mineradores ilegais devastaram novas áreas que somam 1.019 hectares no ano passado.
O território dos Munduruku teve 152 hectares devastados pelos mineradores no ano de 2023 e, segundo o Greenpeace, as áreas de mineração ilegal estão perto de pelo menos 15 aldeias.
Já no território Yanomami a mineração ilegal destruiu 238,9 hectares de vegetação. A atividade ilegal teve um pico em janeiro, seguida por uma queda drástica em fevereiro, logo após o governo brasileiro decretar situação de emergência nacional no território.
Mesmo assim, um ano após o governo decretar a situação de emergência, a mineração ilegal e a crise humanitária a afetar o território Yanomami.