A DECO PROteste aconselha aos utilizadores de inteligência artificicial (IA) generativa que optem por sites fidedignos e a desconfiar das permissões pedidas quando instalam aplicações, disse esta sexta-feira à Lusa fonte oficial, a propósito Dia Mundial dos Direitos do Consumidor.

Também esta sexta-feira, os membros e parceiros da Euroconsumers e a DECO PROteste lançaram uma campanha sobre uma IA justa e responsável para os consumidores, num momento em que a informação credível está no centro do debate.

Questionada sobre quais os conselhos a dar a quem usa IA generativa, fonte oficial da DECO PROteste salientou que, “apesar dos avanços nos serviços públicos digitais, as vulnerabilidades da economia portuguesa podem prejudicar o crescimento e a inovação impulsionados” pela inteligência artificial.

“O reforço do acesso digital aos serviços públicos e o reforço das capacidades das empresas portuguesas para tirar partido da IA são passos essenciais para o país” e, neste contexto, “as pessoas têm também um importante papel a desempenhar, enquanto utilizadores”, sublinhou a mesma fonte, apontando seis conselhos, entre os quais “instalar apenas aplicações disponíveis nas lojas de aplicações oficiais dos sistemas operativos — Google Play (Android) e App Store (Apple)” e “desconfiar das permissões requeridas aquando da instalação e utilização das aplicações”.

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Além disso, os utilizadores devem “optar por sites fidedignos, alojados aos respetivos criadores”, “confirmar, através de uma segunda via, se as informações passadas estão corretas” e “verificar se os resultados são coerentes (se necessário fazer a pergunta mais do que uma vez)”, refere a DECO PROteste.

“As nossas análises confirmaram a presença de inconsistências e erros nestes sistemas. A utilização destes deve ser feita com precaução. Mantenha sempre uma atitude crítica em relação aos resultados obtidos. Para tarefas de maior responsabilidade, como relatórios escolares ou profissionais, estes sistemas devem ser utilizados apenas como ferramenta auxiliar“, rematou a mesma fonte.

“Nas mãos dos responsáveis pela aplicação da lei e dos consumidores, a IA também pode liderar o combate, por exemplo, através da monitorização em grande escala e da remoção automática de sites e ligações suspeitos”, por isso é “crucial garantir a exatidão e a transparência, para que a informação fornecida aos consumidores seja a que merecem: credível e fidedigna”.

Sobre a campanha lançada esta sexta-feira com o mote de sensibilizar as pessoas para uma IA justa e responsável, fonte oficial salientou que este é um “fenómeno que está a aumentar, sem sinais de abrandamento”.

Isto é, “o número de serviços a que os consumidores recorrem, que se baseiam num sistema de decisões automatizadas, baseadas em sistemas de IA, está em nítido crescendo” e “nem sempre é claro para o consumidor, que do ‘outro lado’ se encontra um algoritmo a tomar decisões, com base num conjunto de critérios que não é divulgado”.

Isso representa “um risco acrescido de discriminação de grupos de consumidores, em particular os mais vulneráveis, a um conjunto de serviços, assim como discrepâncias nas condições de acesso”.

Além disso, o surgimento de sistemas de IA generativa que simulam conversas com humanos e produzem textos, imagens ou até pequenos vídeos com base no pedido do utilizador e na base de dados do sistema “estão a gerar ameaças cada vez mais evidentes”, expondo os consumidores “à cibercriminalidade, ao aumento exponencial de casos de deepfakes e phishing, às burlas através do WhatsApp, ou até a sites falsos de grandes marcas”, aponta.

O Parlamento Europeu aprovou, em 13 de março, o Regulamento para a Inteligência Artificial (AI Act), o primeiro quadro jurídico abrangente de sempre sobre a IA a nível mundial.

“Estamos obviamente atentos ao impacto que esta iniciativa terá para mitigar e prevenir este tipo de riscos, mas mais deve continuar a ser feito por todos, esta campanha pretende contribuir para essa sensibilização”, rematou a mesma fonte.