A população do distrito de Macomia, no centro da província moçambicana de Cabo Delgado, denunciou esta segunda-feira a alegada movimentação de grupos terroristas nas zonas de produção agrícola local, criando medo.

Fontes da comunidade do norte de Moçambique disseram à Lusa que um grupo de aproximadamente 30 insurgentes foi visto ao início da tarde de sábado nas matas de Nambini, uma zona de produção agrícola.

“Passaram pelas matas de Nambini, eram muitos terroristas, em direção a Quissanga”, disse à Lusa uma fonte da comunidade local, a partir da sede distrital de Macomia.

A mesma fonte referiu que a passagem dos rebeldes a quase 30 quilómetros da sede distrital de Macomia precipitou a fuga de alguns camponeses: “Há pessoas que fugiram de lá de Nambini, porque apesar de não terem matado alguém, todo o cuidado quando se fala de terroristas é pouco”.

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Outra fonte disse não ser a primeira vez que os terroristas passam pelas matas de Nambini a caminho de Quissanga, facto que tem criado alarido entre os produtores.

“Sempre usam aquela via em direção a Quissanga, não estamos à vontade”, lamentou a fonte a partir de Macomia.

Os populares acrescentam que, caso a situação prevaleça, pode contribuir para a fome das comunidades, uma vez que Nambini é uma das zonas de Macomia que agrega parte significativa de camponeses locais e não só.

“Só temos receio da fome. Nambini é uma das zonas em que muita gente de Macomia e de fora fazem abertura de machambas” (campos de produção), alertou outro popular.

O distrito moçambicano de Macomia está no centro da província de Cabo Delgado, a 200 quilómetros da cidade capital, Pemba, situado ao longo da estrada EN380, uma das poucas vias asfaltadas da região.

Depois de vários meses de relativa normalidade nos distritos afetados pela violência armada em Cabo Delgado, a província tem registado, há algumas semanas, novas movimentações e ataques de grupos rebeldes, que têm limitado a circulação para alguns pontos nas poucas estradas asfaltadas que dão acesso a vários distritos.

A província de Cabo Delgado enfrenta há seis anos uma insurgência armada com ataques reclamados pelo grupo extremista Estado Islâmico.

A insurgência, que desde dezembro voltou a recrudescer com vários ataques às populações e forças armadas, levou a uma resposta militar desde julho de 2021, com apoio primeiro do Ruanda, com mais de 2.000 militares, e da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral, libertando distritos junto aos projetos de gás natural.