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As autoridades russas alegaram esta sexta-feira, sem apresentar provas, que um dos suspeitos do atentado em Moscovo tinha fotografias no telemóvel com tropas em uniformes ucranianos, em nova tentativa de associar Kiev ao ato terrorista reivindicado pelo Estado Islâmico (EI).

Desde o tiroteio em massa de 22 de março na sala de concertos Crocus City Hall, em que 145 pessoas morreram, as autoridades russas, incluindo o Presidente Vladimir Putin, têm procurado relacionar a Ucrânia ao massacre, apesar da reivindicação pelo EI e de Kiev ter negado qualquer envolvimento.

O Comité de Investigação russo alegou esta sexta-feira em comunicado que as autoridades encontraram fotografias no telemóvel de um dos suspeitos que mostram “pessoas em uniformes camuflados com a bandeira ucraniana num fundo de casas destruídas”.

O telemóvel continha também uma imagem de um selo postal ucraniano com uma mensagem obscena, alegou ainda a comissão, que não divulgou a imagem, numa possível referência a um selo emitido por Kiev comemorando o episódio no início da invasão russa de 2022 quando soldados ucranianos recusaram render-se lançando um insulto a um navio de guerra russo, de acordo com a agência AP.

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O comité também alegou que um dos suspeitos enviou imagens das estradas de acesso e das entradas da sala de concertos ao seu contacto em 24 de fevereiro – o segundo aniversário da invasão russa da Ucrânia.

As descobertas “podem indicar a existência de uma relação entre o ataque terrorista e a realização da operação militar especial”, afirmou a comissão, utilizando o eufemismo do Kremlin para designar a invasão da Ucrânia há dois anos.

As afirmações do comité russo não puderam ser verificadas de forma independente.

O atentado na sala de concertos Crocus City Hall em Moscovo ocorreu duas semanas depois de a Embaixada dos EUA na Rússia ter emitido um aviso público sobre um possível ataque na capital contra uma grande concentração de pessoas e de o Departamento de Estado dos EUA afirmar ter transmitido às autoridades russas informações sobre a ameaça.

O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, recusou-se esta semana a comentar uma notícia publicada no The Washington Post, segundo a qual as autoridades americanas teriam identificado especificamente o Crocus como um alvo potencial, afirmando que se tratava de um assunto da competência dos serviços de segurança.

O ataque marcou uma histórica falha de segurança do governo de Putin, que chegou ao poder há 24 anos adotando uma linha dura contra aqueles que rotulou de terroristas da região russa da Chechénia, onde se registava uma insurreição.

O Estado Islâmico tem um histórico de ataques na Rússia como o de 22 de março em Moscovo, reivindicando outros 13 atentados neste país desde 2015, incluindo assassinatos de polícias, matanças em igrejas, bombas num supermercado e múltiplos tiroteios.