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Designer Roberto Cavalli morre aos 83 anos em Florença

Este artigo tem mais de 6 meses

O designer italiano estava doente há muito tempo e o seu estado de saúde se agravou-se nos últimos dias.

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O designer italiano Roberto Cavalli morreu esta sexta-feira, aos 83 anos, em Florença. A notícia é avançada pela agência italiana ANSA, que refere que o designer estava doente há muito tempo e que o seu estado de saúde se agravou nos últimos dias.

Cavalli, que nasceu em Florença em 1940, ficou conhecido na indústria da moda pelos designs extravagantes e com padrões de animais. “Não é que eu goste propriamente de usar padrões de animais, é que eu adoro tudo o que é da natureza. Comecei a perceber que até os peixes têm um ‘vestido’ fantástico e colorido, a cobra também e o tigre. Comecei a perceber que Deus é realmente o melhor designer, então comecei a imitá-lo”, disse em entrevista à revista Vogue em 2011.

A veia artística já corria na família Cavalli. Foi inspirado pelo avô, o pintor Giuseppe Rossi, que chegou a exibir as suas obras na Galeria Uffizi, que Roberto Cavalli acabou por ingressar na Academia de Artes de Florença. Durante os estudos, o italiano foi deixando de lado as telas telas e pincéis e, pouco a pouco, voltou-se para o mundo da moda. “O meu sonho, talvez por causa da minha família, era ser pintor. A certo momento escolhi virar na direção dos têxteis e dos têxteis passei para a moda“, explicou em várias entrevistas ao recordar o seu percurso.

No início da década de 1970, Cavalli criou e patenteou um procedimento revolucionário de estampagem em couro. Foi com esta técnica que, com apenas 30 anos, apresentou a sua coleção de estreia, em Paris, no Salão Prêt-à-Porter, e que lhe valeu encomendas de outras grandes casas de design, incluindo a Hermès e Pierre Cardin. Em 1972, abriu a sua primeira boutique, escolhendo Saint-Tropez como destino.

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Depois do sucesso inicial, Cavalli passou por um período de estagnação na década de 1980. “A estética rica que Roberto cunhou não combinava com a moda minimalista e desconstrutiva apresentada pela nova onda de designers japoneses e belgas”, recorda a Vogue numa breve biografia. No entanto, a sua carreira acabou por entrar numa fase de maior atenção nos anos 90, com a sua aposta em juntar as técnicas de estampagem e jeans. Uma década depois lançava a marca Cavalli Jeans, mais tarde renomeada Cavalli.

Durante a sua carreira, ainda viria a ser convidado para reinventar o visual das Coelhinhas da Playboy, com uma versão leopardo; e a lançar a Cavalli Vodka. Pelo caminho, foi vestindo várias artistas femininas, como Christina Aguilera, Jennifer Lopez e grupos como as Spice Girls. Em 2009, no The Martha Stewart Show ainda viria a anunciar uma viragem para o mundo da fotografia. “O meu sonho é, num futuro próximo, criar uma grande exposição que mostre as minhas (fotografias) de África e de outros lugares exóticos”, revelou.

Cavalli ambém se viu no centro de um longo julgamento na Itália por um caso de fraude fiscal, que terminou com a sua absolvição. A sua empresa também começou a registar prejuízos, obrigando-o a vender a maioria das ações em 2015.

Apesar do seu sucesso, a marca foi gradualmente confrontada com dificuldades financeiras ligadas ao aumento da concorrência das casas controladas pelos gigantes LVMH e Kering, e Cavalli deixou a direção artística do seu grupo em 2013. Dois anos depois, o fundo Clessidra, com sede em Milão, comprou 90% do capital, mas não conseguiu conter as perdas. Por fim, a Cavalli foi adquirida em novembro de 2019 pela Vision Investments, o fundo de investimento do magnata imobiliário de Dubai, Hussain Sajwani.

O designer foi casado três vezes. Em 1964, casou-se com Silvanella Giannoni, com quem teve dois filhos, e a união durou dez anos. Depois disso casou-se com Eva Düringer, que se tornou a diretora-criativa da sua coleção. Tiveram três filhos e divorciaram-se em 2010. Nos últimos 15 anos, viveu com Sandra Bergman Nilsonn, com quem teve um filho, que tem agora dois anos.

Numa entrevista recente, Cavalli admitiu ter “saudades de criar algo”. “Ao olhar para os jornais, onde se vê um pouco da moda atual, sinto-me incapaz. Incapaz por tudo aquilo que não faço e gostaria de fazer. Gostaria de continuar presente”, revelou, segundo o Corriere Della Sera.

As notícias da morte do designer estão a ser recebidas com mensagens de homenagem. “Querido Roberto, você não pode estar mais aqui fisicamente connosco, mas sei que sempre sentirei seu espírito comigo”, escreveu Fausto Puglisi, diretor criativo da Roberto Cavalli desde outubro de 2020, numa publicação no Instagram.

“Uma vida vivida com Amor. É com grande tristeza que hoje nos despedimos do nosso fundador Roberto Cavalli. De origens humildes em Florença, Roberto conseguiu tornar-se um nome mundialmente reconhecido, amado e respeitado por todos. Naturalmente talentoso e criativo, Roberto acreditava que todos poderiam descobrir e alimentar o artista dentro de si. O legado de Roberto Cavalli viverá através da sua criatividade, do seu amor pela natureza e da sua família, que adorava”, pode ler-se numa publicação partilhada na página de Instagram da marca.

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