Artistas surrealistas, bebedeiras, discos voadores, militares, revolucionários anti-Estado Novo — e o plano mais louco de sempre para pôr fim à ditadura.
“Operação Papagaio” é a história nunca contada deste plano que, em 1959, quinze anos antes do 25 de Abril, juntou três grupos muito diferentes de pessoas com o objetivo comum de derrubar o regime de Salazar.
E é uma história que não acaba depois do falhanço da operação, que, em traços largos, consistia em tomar de assalto os estúdios do Rádio Clube Português, na Parede; pôr uma bobine revolucionária a tocar; e esperar que o povo saísse para a rua e fizesse o resto.
Escassos meses depois de a Papagaio falhar, o cadáver de um dos homens responsáveis pelo plano apareceu, em avançado estado de decomposição, na praia do Guincho, em Cascais. Soube-se pouco tempo mais tarde, tinha sido assassinado por um dos seus companheiros — um crime passional que, por esses dias, fez parar Portugal e, anos mais tarde, já em Democracia, deu origem a uma das obras mais célebres da literatura nacional, A Balada da Praia dos Cães, de José Cardoso Pires.
Para estabelecer todas estas ligações e reconstituir o plano começado a gizar no final da década de 1950, nos cafés de Lisboa frequentados pelos surrealistas, foram necessários meses de investigação e de entrevistas. E foi necessário descobrir, nos arquivos da PIDE, na Torre do Tombo, as centenas de páginas que revelam toda a história — e que, até outubro de 2023, durante 64 anos, portanto, tinham ali permanecido esquecidas e nunca tinham sido consultadas.
O resultado é uma série para ouvir em seis episódios que faz parte dos Podcast Plus do Observador — e conta com a narração do ator Miguel Guilherme e tem banda sonora original de Rita Redshoes.
Pode ouvir todos os episódios aqui:
Estreia. “Operação Papagaio”. Episódio 1: “A organização secreta”
“O plano mais louco de sempre”
