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Várias universidades nos EUA estão a ser palco de manifestações de ativistas estudantis contra a guerra entre Israel e o Hamas, que incluem acampamentos com dezenas de alunos. Os protestos que começaram na Universidade de Columbia, em Nova Iorque, estão a subir de tom noutros campus, como em Yale, onde mais de 40 pessoas foram detidas esta segunda-feira, ou na Universidade de Nova Iorque, onde durante a noite a polícia fez 133 detenções. Os estudantes pedem o fim do apoio das universidades a Israel.
Os protestos começaram como resposta à mais recente escalada do conflito entre Israel e o Hamas. Na Universidade de Columbia, em Nova Iorque, os estudantes estiveram esta segunda-feira com aulas virtuais. Na última quinta-feira, mais de 100 manifestantes foram detidos no campus, depois de Minouche Shafik, presidente da Universidade, ter chamado a polícia de Nova Iorque para limpar o acampamento de tendas montado pelos estudantes. Desde então que os protestos pró-palestinianos e anti-Israel têm aumentando as tensões e as preocupações com a segurança naquela que é considerada uma das mais prestigiadas escolas do mundo.
Massive faculty walkout at @Columbia opposing the university’s decision to call in NYPD on Palestine solidarity protests: pic.twitter.com/DcCSxObtx9
— Bassam Khawaja (@Bassam_Khawaja) April 22, 2024
“Estou profundamente triste com o que está a acontecer no nosso campus. Os nossos laços como comunidade foram severamente testados de uma forma que levará muito tempo e esforço a reafirmar”, escreveu Shafik, num comunicado enviado por e-mail aos estudantes e publicado no site da Universidade, que anuncia o cancelamento de todas as aulas presenciais. A reitora também denunciou a linguagem e o comportamento “antissemita” que, segundo garante, ocorreram no campus.
“Estas tensões têm sido exploradas e amplificadas por indivíduos que não estão ligados à Universidade de Columbia e que vieram para o campus para seguir as suas próprias agendas”, afirmou Shafik. “Precisamos de um recomeço.” Entretanto, os estudantes ativistas afirmaram que não toleram qualquer tipo de “fanatismo” e que se manifestam contra as ações de Israel em Gaza.
O The New York Times escreve que os alunos não desmobilizaram apesar das ordens para ficarem em casa desta segunda-feira e que o acampamento continua a crescer. O grupo de manifestantes, Occupy Beinecke, disse em comunicado que apela à universidade para que revele os investimentos em fabricantes de armamento militar e para desinvestir nessas mesmas empresas.
A imprensa norte-americana relata um aumento da tensão nos últimos meses dentro das universidades, com alunos a descrever um crescimento de episódios antissemitas e islamofóbicos. O Presidente dos EUA, Joe Biden, chamou a atenção para o “antissemitismo flagrante” nos campus universitários, mas não fez referência a nenhuma instituição.
Universidades dos EUA sob investigação por antissemitismo e islamofobia
A Universidade de Yale, no estado do Connecticut, também está a ser palco de protestos. Segundo o The New York Times, até ao início da tarde desta segunda-feira mais de 1.500 alunos, ex-alunos e pais tinham assinado uma carta de apoio às manifestações e em que pediam a suspensão dos donativos até que a administração da faculdade se comprometa publicamente a desinvestir em empresas que ajudam a fornecer armas a Israel. O jornal norte-americano adianta que pelo menos 47 pessoas foram detidas na Universidade da Ivy League durante os protestos esta segunda-feira, depois de terem ignorado os apelos para desmobilizarem. A universidade já informou que os alunos detidos serão alvo de processos disciplinares.
Na NYU Stern Business School, da Universidade de Nova Iorque, também se pediu o fim do apoio a Israel. “Mais de 40.000 mortos — NYU as tuas mãos estão vermelhas!”, gritaram os manifestantes, na segunda-feira, segundo o jornal norte-americano. Muitos estudantes usaram máscaras faciais para proteger a identidade. A Coligação pela solidariedade na Palestina da Universidade de Nova Iorque organizou um acampamento à frente à escola, que foi cercado por baias de metal, e a segurança do campus controlou as entradas e saídas.
Na noite desta segunda-feira, os agentes da polícia entraram num acampamento perto da Universidade de Nova Iorque onde “centenas” de manifestantes desafiaram as ordens de desmobilização, escreve o The Guardian. A polícia retirou tendas e imagens divulgadas entretanto mostram a operação policial que inclui detenções e tentativas de dispersão. Durante a operação, os manifestantes gritaram: “Não vamos parar”.
O jornal da Universidade, o Washington Square News, relata que a polícia anunciou num altifalante que os estudantes estavam a ser detidos por “conduta desordeira” e que estavam a bloquear ilegalmente o trânsito. Na noite de segunda-feira, foram detidas 133 pessoas, segundo o departamento da polícia de Nova Iorque indicou na terça-feira. Os detidos já foram, entretanto, libertados, embora com notificações do tribunal.
Um porta-voz da Universidade justificou a decisão de chamar a polícia com o facto de manifestantes — muitos dos quais não terão ligação à instituição — terem quebrado as barreiras que cercavam o acampamento, o que “mudou drasticamente” a situação.
O vice-comissário de operações da Polícia de Nova Iorque, Kaz Daughtry, revelou, na segunda-feira, que foram recebidos relatos de estudantes a quem foram tiradas bandeiras israelitas abruptamente e alvo de comentários de ódio. Não há relatos de ataques físicos. Um porta-voz da Casa Branca disse que os estudantes têm o direito de se manifestarem pacificamente, mas denunciou os “apelos à violência e à intimidação física contra os estudantes judeus”. A BBC escreve que vídeos publicados nas redes sociais mostraram manifestantes a expressar apoio pelo ataque do Hamas em Israel a 7 de outubro.
Artigo atualizado terça-feira pelas 17h00 com mais informação sobre os detidos na noite de segunda-feira