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A relatora das Nações Unidas (ONU) para os Territórios Palestinianos pediu esta quinta-feira uma investigação sobre se o apoio político e militar de países ocidentais a Israel na guerra na Faixa de Gaza pode equivaler a cumplicidade com genocídio.

“A cumplicidade no genocídio é um crime em si mesmo segundo a Convenção para a Prevenção e Punição do Crime de Genocídio”, disse Francesca Albanese, numa conferência de imprensa no final de uma visita de uma semana ao Egipto e à Jordânia, para avaliar a situação dos palestinianos em Gaza e na Cisjordânia.

Francesca Albanese, que é uma das vozes mais críticas da ofensiva israelita na Faixa de Gaza, apelou para se investigar “até que ponto a ajuda, tanto política como militar, que foi dada a Israel por vários países, principalmente pelos Estados Unidos, pode equivaler a cumplicidade“.

Da mesma forma, esta responsável criticou o “constante apoio político, veto após veto ao nível do Conselho de Segurança das Nações Unidas”, para pedir um cessar-fogo imediato na Faixa de Gaza.

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Citada pela agência Efe, a relatora lamentou a incapacidade dos países ocidentais em impor sanções ao Estado judeu, que ela própria recomendou que fossem aplicadas antes da eclosão da guerra em Gaza. “A impunidade concedida a Israel é parte integrante” da resposta israelita aos ataques do grupo islamita Hamas em 7 de outubro, que deu início a uma guerra que já ceifou mais de 34 mil vidas, adiantou.

Para Francesca Albanese, “existem padrões genocidas claros (…) e alguns Estados-membros ainda estão recalcitrantes em tomar estas medidas, que só vão piorar a situação no terreno”, referindo-se à falta de imposição de sanções e ao envio de ajuda militar a Israel.

A relatora da ONU lamentou também que, durante a sua visita, as autoridades israelitas não lhe tenham permitido aceder à Cisjordânia ocupada ou à Faixa de Gaza, para avaliar a situação no terreno e preparar o seu relatório com recomendações e medidas a tomar para aliviar o sofrimento da população civil.

Francesca Albanese reivindicou ainda o papel das Nações Unidas na coordenação da entrega da ajuda humanitária a Gaza, considerando não ser “justo que apenas o Egito” assuma este papel na passagem fronteiriça de Rafah, que liga o enclave palestiniano com a península do Sinai.

Manifestando preocupação com o envio de ajuda humanitária, dado que “há muita coisa que não é permitida a entrada” e permanece à espera em armazéns no norte do Sinai, a relatora da ONU para os Territórios Palestinianos alertou que os lançamentos de ajuda por via aérea são “a pior coisa que pode ser feito”.

Assinalando que as atividades dos colonos na Cisjordânia ocupada são “genocidas pela sua própria natureza”, Francesca Albanese acrescentou que “o dia 7 de outubro foi uma ameaça” para Israel, “mas não justificou o que Israel fez”.

Mundo testemunha “o primeiro genocídio em direto mostrado pelas vítimas” em Gaza

Pelo menos 34.200 pessoas morreram e mais de 77.000 ficaram feridas na guerra que Israel lançou na Faixa de Gaza em 7 de outubro, em retaliação ao ataque no mesmo dia perpetrado pelo movimento islamita palestiniano Hamas em território israelita, que fez 1.163 mortos, na maioria civis, e 250 reféns, cerca de 130 dos quais permanecem em cativeiro e 34 terão, entretanto, morrido, segundo o mais recente balanço das autoridades israelitas.

O conflito, em curso há mais de seis meses, fez também quase dois milhões de deslocados, mergulhando o enclave palestiniano sobrepovoado e pobre numa grave crise humanitária, com mais de 1,1 milhões de pessoas numa “situação de fome catastrófica” que está a fazer vítimas — “o número mais elevado alguma vez registado” pela ONU em estudos sobre segurança alimentar no mundo.