O BPI aumentou os lucros do primeiro trimestre em 43%, para 121 milhões de euros, 112 milhões dos quais na atividade em Portugal. O aumento dos proveitos deve-se, tal como aconteceu no ano passado, à evolução favorável da margem financeira – que, ainda assim, segundo o banco, já ultrapassou o pico. Por isso, os lucros de 2024 devem ser mais baixos do que em 2023, antevê o banco.
“Já atingimos um pico em relação à evolução da margem financeira“, afirmou João Pedro Oliveira e Costa, o presidente executivo do BPI, na conferência de imprensa de apresentação dos resultados trimestrais, indicando que esse ponto mais alto terá sido no quarto trimestre. Neste primeiro trimestre, a margem financeira aumentou 19% em comparação com os primeiros três meses de 2023, para 245 milhões de euros. Porém, já foi um valor um pouco mais baixo do que os 255 milhões do quarto trimestre de 2023.
Questionado pelo Observador na conferência de imprensa, o presidente do BPI confirmou que é expectativa do banco que os resultados anuais do banco sejam mais baixos em 2024 do que foram em 2023 (ano em que o BPI obteve lucros de 524 milhões de euros). “Apesar do aumento do negócio que vamos tentar fazer, aumentando comissões (não subindo os preçários mas, sim, através de mais negócio), não antevemos que sejam em dimensão que se possa sobrepôr à redução da margem financeira”, afirmou João Pedro Oliveira e Costa, confirmando que 2024 trará “uma redução” dos lucros anuais, embora não se preveja que seja muito expressiva.
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O gestor reiterou que é sua expectativa que as taxas de juro caiam para perto de 3% (ou ligeiramente abaixo desse nível) no final de 2024 e, em 2025, deverão rondar os 2,5% ao longo desse ano. É provável que o BCE baixe as taxas de juro a partir de junho e isso é algo que irá “folgar as famílias” e facilitar o financiamento das empresas, afirmou o gestor.
Mesmo que os juros não desçam tanto quanto se prevê – quatro descidas de 25 pontos-base até ao final do ano –, João Pedro Oliveira e Costa diz que “não haverá um sobressalto significativo”, dada a forma como a economia e as contas públicas portuguesas resistiram ao aumento súbito das taxas de juro dos últimos anos.
João Pedro Oliveira e Costa tinha notado, no comunicado de imprensa, que “no primeiro trimestre, o BPI manteve o bom desempenho comercial registado nos últimos exercícios, com um crescimento da atividade, em particular no crédito à habitação, no crédito às empresas e na captação de recursos de clientes”.
Por outro lado, o gestor acrescentou que o banco tem “pela frente um ano desafiante, em que podemos antecipar uma normalização das taxas de juro do mercado e um alisamento da margem financeira”. “Mantemos uma posição financeira sólida e uma capitalização confortável, que nos permite continuar a dar um impulso ao crescimento das empresas portuguesas e apoiar os portugueses em cada passo das suas vidas”, rematou João Pedro Oliveira e Costa.