A presidente cessante da SATA, Teresa Gonçalves, considerou esta terça-feira importante que a Azores Airlines seja privatizada para que a companhia aérea possa crescer e ter “capacidade para diluir custos” originados pela atividade.

“Eu acho que é importante efetivamente a companhia ser privatizada, porque a SATA precisa de crescer. O único problema da SATA e daqueles resultados […] é que não temos capacidade para diluir custos”, disse Teresa Gonçalves à agência Lusa, no último dia como presidente do Conselho de Administração do grupo de aviação público dos Açores.

Segundo a responsável, que falava à margem da apresentação dos resultados operacionais do primeiro trimestre de 2024, na SATA não existem aviões suficientes e também “não há capacidade para injetar dinheiro na companhia”.

“Portanto, a SATA precisa de crescer, precisa de ter uma entidade privada que injete dinheiro na companhia e que se consigam diluir os custos, e depois continuar o percurso que temos feito. Porque a SATA está estrategicamente colocada no meio do Atlântico, liga a América do Norte, a Europa e, portanto, é continuar agora este trabalho”, defendeu.

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Na Azores Airlines/Sata Internacional, responsável pelas ligações do arquipélago com o exterior e atualmente em processo de privatização, os resultados líquidos do primeiro trimestre deste ano ascenderam a 25,6 milhões de euros negativos (contra 22,7 milhões de euros negativos no período homólogo) e na SATA Air Açores, que faz as ligações entre ilhas, foram de 4,7 milhões de euros também negativos (o que representa uma melhoria de 2,3 milhões de euros face ao mesmo período de 2023).

Teresa Gonçalves tomou posse como presidente da SATA em abril de 2023, após a saída de Luís Rodrigues para a liderança da TAP.

Em 9 de abril, o Governo Regional (PSD/CDS-PP/PPM) anunciou que Teresa Gonçalves se tinha demitido do cargo por “motivos pessoais”.

Em 11 de abril, a Comissão de Trabalhadores da Azores Airlines revelou que se demitiu porque o Governo dos Açores “não ofereceu as condições necessárias” para a administração continuar a desenvolver o “projeto proposto”.

Questionada esta terça-feira pela Lusa sobre as razões da sua saída e do administrador financeiro Dinis Modesto do Conselho de Administração, apenas respondeu: “Nós não abandonámos [a SATA]. Nós cumprimos o nosso trabalho da forma mais profissional que conseguíamos. Quando achamos que já não conseguimos efetivamente agir de acordo com os nossos princípios e as nossas crenças e a forma como efetivamente achamos que devemos agir, pronto, temos que nos retirar.”

“Vou muito satisfeita porque acho que fiz um trabalho muito bom. Eu, o Conselho de Administração, o Dinis [Modesto], que vai sair comigo, e os trabalhadores”, rematou.

O Conselho de Administração demissionário enviou o seu parecer sobre o processo em curso de privatização da Azores Airlines ao Governo Regional, manifestando “reservas sobre o consórcio NewTour MS Aviation e sobre as limitações do concorrente”.

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O júri do concurso, liderado pelo economista Augusto Mateus, manteve a decisão de aceitar apenas um concorrente no relatório final, mas admitiu reservas quanto à capacidade do consórcio Newtour MS Aviation em assegurar a viabilidade da companhia.

Na semana passada, a secretária regional da Mobilidade, Berta Cabral, disse que “o Conselho do Governo é que decidirá e será a breve trecho”.

Segundo Teresa Gonçalves, a administração cessante, “efetivamente, fez uma análise do relatório do júri, fez as suas próprias análises das entidades que estavam no consórcio, da valorização da empresa”.

“Apresentámos ao Governo Regional precisamente estas análises, estes factos, e dissemos: agora o Governo Regional, enquanto acionista, vai ter que tomar uma posição. E, portanto, é isso que estamos a aguardar. […] O que foi transmitido foi isto, tal e qual: perante determinados factos, por favor, o acionista decida o que achar que é melhor para a empresa”, disse.

À futura administração da empresa sugeriu ter muita atenção às pessoas.

“É fundamental não esquecer as pessoas, porque, normalmente, entramos no ramerrame do dia-a-dia e começamos a focar-nos só na operação. Mas por trás de toda essa operação estão pessoas e é fundamental não esquecermos as pessoas. E depois é continuar o bom trabalho que tem sido feito”, aconselhou.